A Kering , proprietária de marcas como Gucci e Yves Saint Laurent, registrou uma queda nas vendas em meio a uma desaceleração global na demanda por produtos de alto padrão.
O grupo francês de luxo disse nesta terça-feira (29) que registrou receita de 3,70 bilhões de euros (US$ 4,29 bilhões) no segundo trimestre, 18% inferior ao período do ano anterior em termos reportados. Isso se compara à previsão dos analistas de 3,79 bilhões de euros, de acordo com uma pesquisa de estimativas da Visible Alpha.
A receita trimestral da principal marca do grupo, Gucci, caiu 25% ano a ano em base comparável de escopo e taxa de câmbio, para 1,46 bilhão de euros, contra a expectativa dos analistas de 1,47 bilhão de euros.
O grupo disse que está intensificando iniciativas necessárias para impulsionar o crescimento de suas marcas, enquanto permanece focado em aumentar a eficiência.
No início deste ano, o conglomerado de luxo nomeou o ex-chefe da Renault, Luca de Meo, como seu novo diretor-presidente, na esperança de dar um impulso às suas marcas após anos de queda nas vendas e uma persistente desaceleração na demanda por luxo. De Meo assumirá o comando em 15 de setembro.
Junto com a mudança no topo, a Kering nomeou o ex-diretor artístico da Balenciaga Demna Gvasalia como chefe criativo da principal marca Gucci, numa tentativa de reconquistar os clientes.
Após anos de resultados sólidos, o setor de luxo entrou em um período de vendas estagnadas, à medida que os consumidores reduziram os gastos com produtos de alto padrão, principalmente na China, anteriormente um motor de crescimento para a indústria.
O setor enfrenta um ambiente desafiador em outro mercado-chave: os Estados Unidos. As marcas de luxo vêm se preparando para o impacto potencial das tarifas do presidente Trump. Algumas optaram por aumentar os preços, uma medida que deve ser tomada com cautela para não alienar os consumidores após anos de preços em disparada.
No domingo (27), os EUA e a União Europeia anunciaram um acordo comercial preliminar que estabelece tarifas básicas de 15% para a maioria dos produtos europeus. A taxa se aplica à maioria das indústrias, mas alguns produtos estarão isentos das taxas. Ainda não está claro se as isenções se estenderão aos produtos de luxo.
Até agora, a proprietária da Cartier, Richemont, e a empresa italiana de luxo Brunello Cucinelli apresentaram resultados positivos, impulsionados por sua clientela abastada. A referência do setor, LVMH, reportou uma queda orgânica nas vendas em seu principal segmento de moda e artigos de couro, ficando aquém das expectativas dos analistas.
A Hermès, fabricante da bolsa Birkin, e a Prada divulgarão resultados nesta quarta-feira (30), enquanto a italiana Salvatore Ferragamo o fará nesta quinta-feira (31).
O lucro líquido da Kering caiu para 474 milhões de euros no primeiro semestre, ante 878 milhões de euros no mesmo período do ano anterior. O lucro operacional recorrente recuou para 969 milhões de euros, de 1,58 bilhão de euros anteriormente.