O projeto prevê uma torre com apartamentos de até 251m², considerada pelos moradores como desproporcional e destoante da paisagem histórica do bairro. O empreendimento também ameaça descaracterizar o casarão tombado que ocupa parte do terreno
O empreendimento fica no quintal da Casa Piauí, antigo palacete da família do ex-presidente Rodrigues Alves, que também já foi sede do Dops (órgão da ditadura militar) e carceragem do ex-juiz Nicolau dos Santos Neto, o juiz Lalau.
Tombado desde 2012, o casarão foi arrematado por R$ 26 milhões por um comprador sigiloso em 2018. A Helbor então adquiriu o imóvel em 2021 e contratou o Estúdio Sarasá para restaurá-lo.
A futura construção já ganhou apelido dos moradores: Godzilla. “Pesado, genérico e com fachada cheia de LEDs”, escreveu um perfil no Instagram da incorporadora, que foi inundado por críticas nas últimas semanas.
Embora o restauro envolva até os vitrais e painéis de madeira, os moradores argumentam que a torre planejada “ofuscará completamente” o edifício histórico.
Os vizinhos também organizaram um abaixo-assinado que pede à prefeitura de São Paulo e ao Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio) a revisão imediata do projeto, com base em diretrizes mais sustentáveis e compatíveis com o entorno.
Uma passeata está marcada para o dia 2 de agosto em frente ao empreendimento.
O texto reivindica recuos maiores, redução de altura e diálogo com a comunidade antes da continuidade da obra. E exige que a legislação de preservação —no caso, as regras da ZEPEC (Zona Especial de Preservação Cultural)— prevaleça sobre as normas de adensamento urbano.
Procurada, a Helbor disse que tem “orgulho em desenvolver um novo projeto em Higienópolis” e que “tem conduzido o empreendimento Casa Piauí com total respeito à legislação vigente.”
A prova do compromisso com a “preservação do patrimônio, a Helbor realizou o restauro completo do casarão tombado”.
“O imóvel, que esteve abandonado por anos, foi revitalizado e agora será reintegrado à vida do bairro, oferecendo um novo espaço qualificado para os moradores e visitantes”, disse em nota.
A prefeitura confirma que o projeto do empreendimento “foi aprovado com base na Lei de Zoneamento nº 16.402/2016, vigente à época do protocolo, realizado em 2022”.
Conforme esses parâmetros, continua a gestão Ricardo Nunes (MDB), o terreno está classificado como Zona de Estruturação Urbana (ZEU), que não impõe limite máximo de altura para as edificações.
“O projeto atendeu todos os requisitos legais, incluindo recuos e demais condicionantes urbanísticos, o que possibilitou sua aprovação”. A Secretaria Municipal de Cultura também informa que o projeto foi analisado pelo Conpresp e atende à diretriz de recuo mínimo de 5 metros estabelecida pelo colegiado.
O jornalista Claudio Leal recebeu convidados na quarta-feira (23), no lançamento do livro “O Devorador”, que homenageia a vida e a obra do dramaturgo Zé Celso. O evento aconteceu no Sesc Consolação, em São Paulo. As cantoras Alaíde Costa e Mariana de Moraes, o gerente do Sesc Consolação, Antonio Martinelli, o presidente executivo da Fecomercio, Ivo Dall’Acqua, e a atriz Cristina Mutarelli compareceram