
O desafiador momento macroeconômico mundial afeta os profissionais de maneira distinta. De acordo com levantamento da consultoria especializada em remuneração SG Comp Partners, realizado com base na mineração de dados do 3º Relatório de Transparência Salarial do Brasil, o setor de comércio varejista está entre os que menos remuneram executivos no país, considerando cargos de gerência e direção.
Enquanto a remuneração de gestores do setor atacadista é, em média, de R$ 17.048,86, esses mesmos profissionais no segmento de varejo ganham em média R$ 9.510,89, quase metade (55%) do que seus pares atacadistas.
Para fins de comparação, o setor que melhor remunera é o de Extração de Petróleo e Gás Natural, com contracheque médio na casa de R$ 42.860,79, em nível executivo.
“O varejo brasileiro enfrenta uma equação desafiadora: forte dependência de mão de obra, somada à elevada carga tributária e margens estreitas. Esse cenário reduz sua capacidade de se destacar como um segmento competitivo em termos de remuneração, sobretudo quando comparado a setores que conseguem alavancar produtividade com menos pessoas ou que operam com margens mais confortáveis”, revela Ricardo Guterres, sócio da SG Comp Partners e especialista em remuneração estratégica.
A disparidade se torna ainda mais evidente quando a comparação é feita entre o atacado e o segmento alimentício, cuja Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) — utilizada para a categorização das áreas no relatório — abrange desde comércio de alimentos até restaurantes, bares e produção de insumos.
O setor alimentício figura entre os cinco segmentos com menor remuneração de gestores no Brasil, com valor médio de contracheque de R$ 7.187,30.
Metodologia
O levantamento da SG Comp Partners baseia-se na mineração de dados da terceira edição do Painel do Relatório de Transparência Salarial, divulgado recentemente pelo Ministério do Trabalho e Emprego, por meio da plataforma Microsoft Power BI.
O relatório reúne informações de mais de 53 mil estabelecimentos em todas as regiões do país. Os dados são provenientes da RAIS 2024 — referente a empresas com 100 ou mais vínculos ativos em 31/12 do ano-base — e das respostas enviadas pelas organizações privadas ao Relatório de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios, coletadas em fevereiro de 2025.