A “pílula de veneno” prevista no estatuto do GPA determina que qualquer acionista que atinja participação acima de 25% é obrigado a fazer uma OPA (Oferta Pública de Aquisição) para todos os demais
Por Adriana Mattos, Valor — São Paulo
21/07/2025 11h59 Atualizado há 5 horas
Depois do aumento na participação dos Coelho Diniz no GPA, foi incluída na pauta da próxima reunião do conselho de administração da empresa um item que solicita a retirada da cláusula de “poison pill” de 25%, apurou o Valor. Nesta segunda-feira, no início do pregão na B3, a ação da varejista caia 4,4%.
No próximo dia 29, acontece reunião do colegiado para deliberação de temas como a aprovação das demonstrações financeiras do segundo trimestre, quando outras pautas devem ser debatidas. A retirada da cláusula foi colocada a pedido de um acionista.
No caso da “pílula de veneno”, pelo estatuto do GPA, qualquer acionista que atinja participação acima de 25% é obrigado a fazer uma OPA (Oferta Pública de Aquisição) para todos os acionistas.
Normalmente, essa cláusula impede que acionistas ampliem posição nas empresas de capital aberto sem considerar a posição dos minoritários, e acaba impedindo ofertas hostis sobre os grupos. Ela obriga que o interessado faça oferta aos demais sócios e pagando prêmio. No ano, a ação já subiu 35%.
Na semana passada, a ação de GPA valorizou-se fortemente depois que a família Coelho Diniz aumentou consideravelmente sua fatia na varejista, numa reação positiva do mercado a uma possível perda de poder dos franceses do Casino no GPA.
A soma das ações de André, Alex, Fábio e Helton Coelho Diniz atingiram 17,7% do capital total neste mês, como o grupo informou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no último dia 15, portanto mais próximo da fatia do Casino, com 22,5% da companhia. O mercado vê como negativa a condução da governança na empresa pelos franceses, e há anos tem expectativa de uma mudança no controle do grupo.
Em junho, a empresa aprovou mudança na remuneração do conselho, com aumento no valor de um dos conselheiros do Casino, o francês Christophe Hidalgo, o que gerou reação negativa de outros membros.
Neste momento, além dos Coelho Diniz e do Casino, a gestora americana Nuveen LLC tem 8,2% da empresa, e Ronaldo Iabrudi, ex-CEO do GPA e homem de confiança do Casino por anos, soma 5,4%. A posição restante, de cerca de 53% do capital, está no mercado com outros minoritários.
Desde que o Casino entrou em crise financeira na França, anos atrás, surgiram informações no mercado de que fundos e grupos nacionais de varejo teriam interesse na rede, mas a alta dívida que a empresa carregava, hoje reduzida, e questões de governança afastavam interessados. Procurada, a empresa ainda não se manifestou.