O UBS Wealth Management (UBS WM) avalia que, embora a taxa de câmbio brasileira esteja atualmente desvalorizada, existe espaço relevante para valorização do real caso o país avance na consolidação fiscal.
A instituição lembra que fatores externos, como a recente ameaça dos Estados Unidos de aplicar tarifas de 50% ao Brasil, mostram o quanto o câmbio é influenciado por uma combinação complexa de vetores, tornando qualquer projeção desafiadora.
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Segundo a análise, dois fatores continuam sendo determinantes para o comportamento das moedas emergentes: o ambiente externo — refletido na dinâmica do dólar global — e o cenário fiscal doméstico.
Em seus modelos, o UBS WM estima que o “preço justo” do real, ao considerar variáveis externas e internas, seria de R$ 5,28 por dólar. Já em um segundo modelo, que considera apenas fatores globais como dólar, commodities, juros e risco, o real poderia estar cotado a R$ 4,30 — sugerindo que a maior parte da depreciação atual se deve a fatores domésticos e ao prêmio de risco fiscal.
O banco ressalta que, apesar da valorização recente da moeda brasileira, esse movimento tem sido impulsionado majoritariamente por fatores externos, como o enfraquecimento global do dólar e a resiliência dos preços das commodities. O cenário interno, por outro lado, ainda é marcado por incertezas em torno do ajuste das contas públicas, especialmente diante da disputa entre os Poderes em relação aos orçamentos de 2025 e 2026.
Para o UBS WM, uma sinalização clara de compromisso fiscal por parte do governo poderia levar a um “re-rating” da moeda brasileira, fenômeno que já foi observado em outros momentos da história recente, como entre 2003 e 2008 e novamente entre 2015 e 2017. Em ambos os casos, o real se valorizou fortemente, tanto em termos nominais quanto reais, à medida que o mercado reagia à perspectiva de melhora fiscal.
A instituição lembra ainda que, mesmo com a valorização parcial em 2025, o real segue cerca de 20% abaixo da média histórica desde 1994, considerando o câmbio real efetivo (REER). Entre os emergentes, apenas Argentina e Turquia apresentam níveis de depreciação mais acentuados, o que reforça o argumento de que há espaço para valorização adicional, caso o risco fiscal seja reduzido de forma estrutural.