
Embora ainda seja cedo para conclusões definitivas, o BBA avalia que junho levantou uma “bandeira amarela” para o varejo e considera que os próximos meses serão fundamentais para entender a trajetória do setor.
Na mesma linha que BBA, o Santander acredita que o 2T25 será um teste para avaliar se as recentes melhorias são sustentáveis e se há sinais de desaceleração do consumo.
Planilha gratuita
Agenda de Dividendos
Objetivo é transferir sua principal listagem para uma bolsa dos EUA
Analistas do Santander esperam que a maioria das empresas apresente crescimento sólido de receita e expansão das margens neste período. Os destaques positivos devem ser Renner (LREN3), C&A (CEAB3), Vivara (VIVA3) e Pague Menos (PGMN3), enquanto Arcos Dorados, RD Saúde (RADL3), Grupo SBF (GSBF3) e Magazine Luiza (MGLU3) devem enfrentar trimestres mais desafiadores.
A XP Investimentos, por sua vez, vê Track&Field (TFCO4), farmácias regionais e vestuário de renda média como os destaques desta temporada de resultados, com Alpargatas (ALPA4) e Lojas Renner como potenciais surpresas positivas, enquanto RD Saúde, Grupo SBF, Magazine Luiza e GPA (PCAR3) devem ser os pontos negativos.
Além disso, a corretora acredita que as expectativas e o posicionamento no setor estão elevados, o que representa um desafio adicional. Embora ainda espere resultados sólidos, a XP Investimentos destaca que algumas empresas enfrentarão questões específicas que levarão a resultados mais pressionados.

O BTG também espera que as empresas continuem apresentando melhorias no 2T25, com crescimento da receita líquida do setor de 9% na base anual e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) de 12% (principalmente no varejo discricionário), enquanto o lucro líquido deve crescer de R$ 1,2 bilhão no 2T24 para R$ 1,3 bilhão no 2T25.
Varejistas de vestuário
A XP avalia que os varejistas de vestuário voltados ao público de baixa e média renda devem apresentar mais um trimestre sólido, sustentados por uma dinâmica robusta de receita. A combinação de preço/mix favorável e ganhos de eficiência interna tende a apoiar a expansão das margens, com a Renner sendo potencialmente o principal destaque do segmento.
O Santander, por sua vez, projeta que Renner e C&A entrarão no trimestre com comparações favoráveis após o inverno quente do ano anterior, com Renner afetada pelas enchentes no Rio Grande do Sul.
Para a Renner, analistas do Satander esperam crescimento de 15% nas vendas mesmas lojas (SSS), aumento de 115 pontos base na margem Ebitda do varejo e contribuição positiva do setor de crédito ao consumidor. Já a C&A deve registrar cerca de 17% de crescimento em SSS de vestuário, sobre uma base alta de 13%, promovendo alavancagem operacional e elevação do Ebitda em 24% ano a ano.
De acordo com BTG, a Renner, que negocia a 11 vezes P/L para 2026, deve reportar um crescimento de 16% na receita de suas operações de varejo e uma margem Ebitda de 15,8%, enquanto a C&A (10 vezes P/L para 2026) provavelmente registrará um crescimento de 19% nas vendas de vestuário, também com expansão da margem.
Alta renda
Entre os players voltados à alta renda, a XP antecipa um trimestre mais desafiador para a Azzas (AZZA3), diante de um crescimento limitado da receita. Já a Vivara (VIVA3) deve apresentar uma estabilidade nas receitas na comparação trimestral, mas com melhora nas margens brutas, beneficiada por bases de comparação mais normalizadas. A XP vê a Track&Field (TFCO4) como o destaque positivo do grupo, com forte crescimento de receita e expansão de margens.
Para a Vivara, o Santander espera uma recuperação sequencial que aliviará preocupações causadas pelo desempenho fraco do primeiro trimestre, com crescimento estimado da receita líquida de 16% e aumento da margem Ebitda ajustada em 100 pontos base.
Já o BBA prevê um crescimento de receita de aproximadamente 15% para a Vivara, com pressão significativamente menor na margem bruta na comparação com o 1º trimestre e um nível de estoque relativamente estável em relação ao trimestre anterior. “Todos os olhares estão voltados para a capacidade da empresa de sustentar esse nível de crescimento no 2º semestre de 2025, ao mesmo tempo em que melhora a dinâmica da margem bruta e mantém uma posição de estoque saudável”, comenta o banco.
O BTG Pactual projeta que a Vivara (VIVA3), negociada a 8,6 vezes o lucro estimado para 2026, deve registrar um crescimento de aproximadamente 15% na receita bruta no segundo trimestre de 2025, com avanço de 100 pontos-base na margem EBITDA em relação ao mesmo período do ano anterior. Para a Track&Field (TFCO4), com múltiplo de 11,7 vezes o lucro para 2026, a expectativa é de alta de 22% na receita líquida, acompanhada de expansão de 150 pontos-base na margem EBITDA.
No caso da Azzas, negociada a 7,8 vezes o lucro projetado para 2026, o BTG estima crescimento de 12% na receita (excluindo marcas descontinuadas), com margem EBITDA ligeiramente acima dos níveis registrados no segundo trimestre de 2024. Apesar do desempenho relativamente inferior em relação aos pares no trimestre, o BTG segue vendo espaço para uma recuperação significativa das margens no segundo semestre de 2025.
Farmácias
Para BBA, o segundo trimestre para as empresas farmacêuticas será impactado positivamente pelos surtos de gripe/influenza e pelas vendas de medicamentos GLP-1 (Mounjaro + antecipação de compras devido à necessidade de receita médica a partir de 23 de junho).
Segundo Santander, a Pague Menos deve continuar crescendo acima dos concorrentes, com receita projetada em alta de 17% e elevação da margem EBITDA em 75 pontos base, compensando uma margem bruta estável.
Nos destaques negativos, o Santander aponta que a RD Saúde enfrentará um trimestre desafiador devido a reajustes mais baixos da CMED, com queda na margem EBITDA ajustada e retração no EBITDA. O Grupo SBF deve ter bom desempenho na Centauro, mas enfrenta desafios na rentabilidade da Fisia, com margem EBITDA consolidada projetada em queda. Magazine Luiza deve registrar receitas estáveis e margem EBITDA estável, com pausa na expansão da rentabilidade.
O BTG mantém uma visão mais cautelosa com RD e espera resultados ainda fracos, pressionados pela concorrência crescente do e-commerce na categoria de higiene e beleza. Apesar de dados mais positivos da IQVIA para o varejo farmacêutico em maio — impulsionados pela demanda por medicamentos contra gripe e problemas respiratórios —, o banco estima crescimento de 11% na receita líquida da RD, com SSS consolidado em alta de 6%, mas com compressão de 100 pontos-base na margem EBITDA em relação ao mesmo período de 2024.
Alimentos
A XP Investimentos prevê dinâmicas de receita e margem semelhantes às do 1º trimestre, apesar do adiamento da Páscoa para este trimestre. Nesse sentido, a instituição espera resultados marginalmente melhores para o Grupo Mateus (GMAT3), enquanto o GPA deve apresentar tendências mais fracas.
Já o BTG Pactual avalia que Assaí (ASAI3) e Grupo Mateus (GMAT3) seguem em trajetória de crescimento, ainda que abaixo da inflação de alimentos e com sinais de enfraquecimento nas tendências no fim do trimestre. Para o Assaí, o banco projeta crescimento de 6% nas vendas mesmas lojas (SSS), alta de 8% na receita total e leve expansão de 20 pontos-base na margem EBITDA na comparação anual.
Já o Grupo Mateus deve reportar avanço de 14% na receita líquida — acima dos 13% registrados no primeiro trimestre —, com crescimento de 30 pontos-base na margem EBITDA (pós-IFRS 16), também na base anual.
E-commerce e bens duráveis
Por fim, no e-commerce e bens duráveis, a XP espera resultados semelhantes aos do 1º trimestre, com crescimento da receita ainda pressionado, mas a Casas Bahia (BHIA3) apresentando tendências ligeiramente melhores que a Magalu.
Quanto ao Mercado Livre, a maior competição deve levar a uma margem EBIT pressionada devido a investimentos em marketing e logística.
Já o Santander recomenda atenção especial ao Mercado Livre (BDR: MELI34), que deve apresentar crescimento expressivo no volume bruto negociado (GMV) e receita, embora a margem EBIT possa cair devido a investimentos e incentivos.
Por fim, o Santander destaca que, apesar da desaceleração no crescimento de membros da SmartFit (SMFT3) no México, a empresa deve manter um forte crescimento de receita e EBITDA, compensando a fraqueza local com desempenho robusto em outras regiões da América Latina e no Brasil.