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A pressão inflacionária tem exigido do varejo uma readequação na gestão de estoques e do portfólio de produtos. Entre janeiro e maio de 2025, na comparação anual, os preços médios praticados pelos distribuidores subiram 7,5% no varejo alimentar, considerando a categoria de alimentos. Esse reajuste impulsionou as vendas em valor em 6,3%, mas resultou em queda de 1,2% no volume comercializado, segundo dados da Mtrix, que monitora as vendas de mais de 100 indústrias e 2 mil distribuidores e atacadistas, com cobertura sobre 1 milhão de pontos de venda em todo o Brasil. Segundo Maria Cabral, CEO da Mtrix, os números indicam que o varejo está comprando menos e pagando mais. “A alta de preços leva especialmente os pequenos varejistas a reduzir volumes e buscar alternativas de mix mais acessíveis, o que pode impactar a oferta ao consumidor final – com rupturas mais frequentes e uma experiência de compra menos diversa e orientada a produtos de segmentos mais baratos”, analisa a executiva, em entrevista exclusiva ao Jornal Giro News.
Desafios em todos os elos da cadeia
A expectativa é que o consumo continue moderado até o final do ano, impondo desafios ao mercado. Para Maria, o varejo precisa adaptar sortimento, estoques e formatos de atendimento para continuar relevante diante da queda no poder de compra. Entre os distribuidores, o ambiente de menor giro e margens mais apertadas exige eficiência operacional e foco nos clientes mais estratégicos. “Já para a indústria, o risco está na possível perda de relevância do canal indireto – sobretudo do pequeno e médio varejo – caso a experiência de compra se deteriore por conta do empobrecimento do mix e do aumento das rupturas”, explica a CEO. Neste cenário, a recomendação é que a indústria direcione esforços em ações comerciais e de trade marketing que apoiem os distribuidores e os varejistas independentes a contornar os repasses de preços de forma sustentável, mantendo a competitividade e a atratividade do canal.
Recuperação no Rio Grande do Sul
Em maio de 2025, o varejo gaúcho seguiu com crescimento estável, de acordo com os dados da Mtrix. Um ano após as enchentes que afetaram o estado, o setor teve alta de 7,5% em vendas em reais, com aumento tanto no preço médio (+5,3%), quanto no volume de vendas (+2%). “Isso indica uma evolução saudável e contínua, baseada em uma base de comparação menos impactada pelas enchentes. Durante a crise, supermercados e mercearias seguiram operando, cumprindo seu papel essencial no abastecimento da população”, complementa Maria. O levantamento aponta que o número de pontos de venda compradores cresceu 5% e o ticket médio por PDV subiu 2,4%, reforçando uma trajetória de recuperação e expansão da base ativa no Rio Grande do Sul.
Expansão na Mtrix
Com a captura de informações sobre vendas realizadas por distribuidores e atacadistas para o varejo, a Mtrix tem crescido a duplo dígito nos últimos 5 anos. Em 2025, quando celebra 15 anos de operação, a empresa está investindo em diferentes frentes voltadas à expansão. Entre os focos, estão a evolução de sua plataforma de inteligência, ampliando as possibilidades de análise; a criação do Índice Mtrix do Varejo, desenvolvido em parceria com a Tendências Consultoria para leituras sobre o comportamento do consumidor; e a expansão do Mercado Mtrix, permitindo acesso de distribuidores a relatórios estratégicos. Além disso, em junho, foi lançada a Mtrix Connect, uma rede profissional voltada a líderes e especialistas que atuam em toda a cadeia de valor do varejo. “A plataforma conecta pessoas, empresas e conhecimento por meio de conteúdos de mercado, podcasts, lives, agenda de eventos, oportunidades de networking, contratação de serviços e, em breve, cursos e trilhas de capacitação”, finaliza a CEO Maria Cabral.