Veículo: Estadão
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Data: 14/07/2025

Editoria: Shopping Pátio Higienópolis
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O tarifaço de Trump não garante produtos mais baratos no Brasil

A sobretaxa absurda de 50% sobre os produtos exportados pelo Brasil terá impacto nos preços dos alimentos e de outros bens no Brasil? Talvez, mas não é bom apostar nisso. Se realmente Donald Trump não voltar atrás, o que tem feito com frequência, é possível que café, carne e suco de laranja fiquem mais baratos. O quanto, dependerá da disposição dos produtores de reduzir o lucro para vender mais no mercado brasileiro.

Uma medida contracíclica que poderia ajudar seria a redução temporária de impostos, a fim de estimular ainda mais as vendas para os brasileiros.

Para você

Por que, na abertura do texto, coloquei em dúvida a queda dos preços? Pelo fato de que o corte de preços dependerá das cotações do dólar. Caso continuem subindo, isso pressionará a inflação. E, como sabemos, adiaria o corte da taxa Selic, mantendo os juros muito elevados.

No caso de outros produtos químicos, aço e máquinas, a situação é ainda mais complicada, pois o Produto Interno Bruto (PIB) deveria crescer muito mais para absorver alguma parte do que não será exportado. E grandes quedas de exportações também podem prejudicar a geração de empregos, com demissões em algumas áreas.

É lamentável que isso ocorra depois de um período em que o mundo sofreu com a pandemia de coronavírus. E ainda mais lastimável que a decisão de Trump tenha sido motivada por pressão indevida sobre a justiça brasileira, a fim de evitar as penalidades a que o ex-presidente Jair Bolsonaro está sujeito. É óbvio que as autoridades brasileiras dos três poderes não devem se dobrar às sandices que passam pela cabeça de Trump.

Em curto prazo, há mesmo um forte cheiro de crise econômica, exceto se Trump recuar. Em médio e longo prazos, o Brasil precisa fortalecer o mercado interno, para não ficar à mercê do bom ou péssimo humor de governantes como o presidente norte-americano.

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Se conseguirmos incluir metade dos brasileiros que estão fora da classe média, cerca de 50 milhões de pessoas, teremos um mercado muito maior para todos os produtos do Brasil e de outros países. A concentração de renda, além de iníqua, é um péssimo negócio.

O relator na Câmara dos Deputados do projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda (IR), Arthur Lira, elevou a isenção de R$ 5.000,00 (proposta do governo federal) para R$ 7.350,00. Caso seja aprovada, será uma medida que contribuirá efetivamente para aumentar o consumo da população.

Seria um bom começo na virada de um país com alta concentração de renda para uma nação com mais pessoas em condições de comprar alimentos e outros bens de primeira necessidade.