
Um relatório da área de análise da XP Investimentos, divulgado hoje, mapeou as empresas brasileiras com maior exposição às exportações para os Estados Unidos — e, portanto, mais suscetíveis ao impacto do novo pacote de tarifas anunciado pelo ex-presidente Donald Trump.
Apesar de avaliar que o efeito macroeconômico da medida é limitado, a XP destaca que o “impacto” pode ser relevante no plano microeconômico e político, sobretudo para setores com forte presença no comércio bilateral.
Embraer (aeroespacial)
- 23,8% das receitas vêm das exportações para os EUA
Suzano (celulose)
- 16,6% das receitas vêm das exportações para os EUA
Tupy (autopeças e fundidos industriais)
- 13,9% das receitas vêm das exportações para os EUA
Jalles Machado (açúcar e etanol)
- 11% das receitas vêm das exportações para os EUA
Fras-le (sistemas de freio e componentes automotivos)
- 10,8% das receitas vêm das exportações para os EUA
Weg (equipamentos eletroeletrônicos e motores industriais)
- 9,1% das receitas vêm das exportações para os EUA
Minerva (carne)
- Entre 8% e 15% das receitas vêm das exportações para os EUA
Randoncorp (implementos rodoviários e logística)
- 6,4% das receitas vêm das exportações para os EUA
Cosan (combustíveis e lubrificantes)
- 6% das receitas vêm das exportações para os EUA
Iochpe-Maxion (componentes automotivos)
- 5,4% das receitas vêm das exportações para os EUA
Alpargatas (calçados)
- 4% das receitas vêm das exportações para os EUA
CSN (siderurgia e mineração)
- 4% das receitas vêm das exportações para os EUA
Petrobras (petróleo e derivados)
- 4% das receitas vêm das exportações para os EUA
Unipar (químicos e PVC)
- 4% das receitas vêm das exportações para os EUA
CBA (alumínio)
- 3,2% das receitas vêm das exportações para os EUA
Azzas 2154 (varejo de moda)
- 3% das receitas vêm das exportações para os EUA
Vale (mineração – principalmente ferro)
- 2,8% das receitas vêm das exportações para os EUA
Usiminas (siderurgia)
- 2,6% das receitas vêm das exportações para os EUA
Klabin (celulose e embalagens)
- 1,8% das receitas vêm das exportações para os EUA
Braskem (petroquímica)
- Menos de 1% das receitas vêm das exportações para os EUA
Setores mais impactados pelas tarifas
Segundo o relatório da XP, as novas tarifas de 50% anunciadas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros podem reduzir o crescimento do PIB do Brasil em 0,3 ponto percentual em 2025 e 0,5 ponto percentual em 2026.
O impacto direto viria da queda nas exportações, com uma retração de US$ 6,5 bilhões ainda este ano e de US$ 16,5 bilhões no ano seguinte. Os economistas da XP apontam que o efeito mais agudo deve se concentrar sobre os setores exportadores de manufaturados, que representam cerca de 40% das vendas brasileiras para os EUA e têm menor capacidade de redirecionamento para outros mercados.
O estudo foi elaborado pelos economista-chefe da XP Caio Megale, e pelos economistas Rodolfo Margato, Alexandre Maluf, Luíza Pinese e Vinicius Meggiolaro.
Embora o impacto macroeconômico geral seja limitado, o relatório alerta para consequências relevantes em setores específicos — como aeroespacial, siderurgia, celulose e alimentos — e destaca riscos adicionais caso o governo brasileiro opte por retaliar com tarifas próprias.
Nesse cenário, haveria aumento de custos de produção em cadeias como a de combustíveis, insumos farmacêuticos e transporte, com potencial repasse à inflação. A XP também vê o câmbio como principal canal de contaminação inflacionária, com risco de desvalorização do real caso aumente a percepção de instabilidade no ambiente externo e comercial.
A exposição ao mercado americano não está distribuída de forma homogênea entre os setores. A XP destaca que os segmentos de aeroespacial, autopeças, siderurgia, petróleo e derivados, celulose e alimentos concentram o maior risco.
Entre os produtos brasileiros mais exportados para os EUA, os campeões são petróleo e derivados (18,85%), ferro e aço (14,73%), veículos e peças (6,85%) e commodities agrícolas como café e cacau (5,48%).