A Dengo, marca brasileira de chocolates premium, anunciou a executiva Cintia Moreira como nova CEO da companhia. A posição era ocupada anteriormente por Túlio Landin, que deixou o comando da empresa para assumir a diretoria de marketplace do Mercado Livre.
A mudança ocorre em um momento de expansão estruturada da companhia que, recentemente, anunciou um investimento de R$ 100 milhões na construção de uma nova fábrica na Grande São Paulo, parte de uma estratégia que busca consolidar seu crescimento dentro do mercado de valor agregado.
Formada em Direito, com pós-graduação em gestão de varejo pela FIA e em alta gestão pelo Insper, Cintia acumula ampla experiência no setor. Iniciou sua trajetória profissional aos 17 anos, como vendedora em shopping, e construiu carreira em empresas nacionais e multinacionais dos segmentos de moda e beleza, como a The Estée Lauder Companies Brasil.
Na Dengo desde agosto de 2024, liderou a área comercial e teve papel fundamental na expansão da marca, que hoje conta com mais de 52 lojas físicas no Brasil, duas unidades em Paris e um e-commerce próprio. A empresa foi fundada por Guilherme Leal, um dos acionistas da Natura, e Estevan Sartoreli — ambos no conselho da companhia.
“Meu maior aprendizado vem desde esse momento de chão de loja, como vendedora, atendendo clientes, aguardando ele entrar na loja e fazendo todo o atendimento até os dias de hoje. Cada passo na carreira, a gente agrega conhecimento e aprende muitas coisas”, diz.
A nova executiva esteve próxima ao conselho e participou ativamente da revalidação do plano de expansão da marca, que prevê a abertura de 250 lojas até 2030. “Esse plano se mantém e quando falo que é um plano de expansão, não é apenas validar quais são os mercados onde estaremos, mas sim qual é o portfólio adequado, o posicionamento de preço, visão de marca e voz de marca.
Aumento do cacau e sazonalidades
Um dos principais desafios enfrentados por produtores e marcas de chocolate é o aumento expressivo no preço do cacau, que atingiu patamares históricos nos últimos meses.
Segundo dados do Valor Data, em 2024, o preço médio do cacau negociado nos contratos da Bolsa de Nova York foi de US$ 7.577,02 por tonelada, refletindo o impacto de uma oferta global reduzida. Apesar de ter registrado uma queda de 21,23% no acumulado de 2025 até 25 de maio, a commodity ainda apresenta uma alta de 11,37% em relação aos últimos 12 meses.
A executiva reconhece que houve um aumento do custos e que escassez levou muitas marcas a repensar estratégias de precificação, mas enxerga que o crescimento da própria marca, que preza pelo qualidade dos produtos entregues com mais cacau e menos açúcar foram positivos, especialmente pelo resultado das principais datas sazonais essenciais para o setor, como Páscoa e o Dia dos Namorados.
“Na Páscoa, nós crescemos 36% nas lojas comparáveis, em relação ao mesmo período do ano passado. E mesmo fora da data sazonal de Páscoa, as nossas lojas crescem em 28% ao longo do ano. O consumidor reconhece o nosso produto e também a nossa experiência de loja”.
Pensando em ampliar a valorização da produção nacional, a Dengo tem se aproximado cada vez mais de empreendedores em regiões estratégicas do país onde há uma produção do insumo. Atualmente, possuem uma base em Ilhéus (BA) e tem firmado parcerias em outros estados, como Pará e Amazonas.
“Nós temos nessa base (Ilhéus) uma executiva focada nesse relacionamento com os pequenos e médios produtores. Ela faz todo um trabalho de visita e captação. Visita as fazendas até para certificar também que eles estão dentro das nossas regras, porque o nosso interesse é, de fato ter, uma amêndoa superior em termos de qualidade, aroma e sabor”.