A gestora Rio Bravo, do ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco, está mexendo em sua grade de produtos para o que chama de seu maior desafio agora: criar um relacionamento com assessores de investimentos e avançar no varejo. Em maio, a gestora lançou seu primeiro fundo aberto em 15 anos, o Rio Bravo Crédito Infra CDI Incentivado, de debêntures incentivadas. Em junho, foi a vez de um focado em crédito corporativo e, nas próximas semanas, abrirá também ao investidor em geral um fundo de ações.
“Nós apostamos muito em fundos listados na bolsa”, diz Evandro Buccini, diretor de crédito da Rio Bravo. “As últimas semanas ficaram marcadas pelo nosso retorno aos abertos, que ficam permanentemente nas plataformas e exigem contato constante com os assessores.” Ele diz que a gestora aumentou a equipe do comercial para ampliar esse relacionamento.
Buccini explica que, de 2024 para cá, os investidores institucionais “ficaram arredios” com a alta dos juros, o que levou o olhar da gestora para o varejo. Diante do crescimento da demanda pelo crédito privado desde o ano passado, a decisão de ampliar a área foi natural e a resposta, imediata. Nos últimos 12 meses, o volume sob gestão no segmento aumentou 51% e atingiu quase R$ 900 milhões. A expectativa é de crescimento de 30% anuais nos próximos três anos. “Os juros vão demorar a cair, então o crédito continuará atraindo recursos.”
Os fundos estão na plataforma do BTG Pactual para pessoas físicas em geral, com aplicação mínima de R$ 100. O de infraestrutura tem instrumento de proteção que retira a volatilidade típica dos títulos de longo prazo indexados à inflação e garante retorno em CDI. Já o Rio Bravo Crédito Privado Essencial, que tem prazo de resgate de 30 dias, tem em carteira cerca de 40% de títulos originados e estruturados na gestora. Em crédito, além dos dois novos fundos, a asset independente tem seu produto de altíssima liquidez (resgate em D+1), lançado em 2008.
No total, a asset tem mais de R$ 13 bilhões em ativos sob gestão, distribuídos entre 40 fundos de investimento e mais de 200 mil cotistas. Em março, a Rio Bravo anunciou a compra da JPP Capital, que levou cerca de R$ 500 milhões em três fundos imobiliários, sendo dois listados em bolsa, dois fundos multimercados e um de direitos creditórios (FIDC).
Buccini afirma que o fundo de ações está sendo finalizado para ser oferecido ao varejo e destaca que o momento difícil para a renda variável, causado pela Selic a 15%, não assusta. Ele pontua que a bolsa brasileira oferece boas oportunidades e está otimista. “O mercado acionário vai voltar antes que os multimercados”, diz.