O BC (Banco Central) justificou hoje a elevação de 0,25 ponto percentual da taxa básica de juros, que passou para 15% ao ano. Na ata sobre a decisão, os diretores do Copom (Comitê de Política Monetária) reforçam o compromisso de direcionar a inflação para a meta e antecipam a interrupção do ciclo que levou a taxa Selic ao maior patamar desde julho de 2006.
O que aconteceu
Copom explica a alta da taxa Selic a 15% ao ano. No documento, a autoridade monetária afirma que a sétima elevação consecutiva da taxa básica de juros da economia “é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante”.
Juros devem seguir estáveis na próxima reunião. O documento antecipa o fim do ciclo iniciado em setembro de 2024. Desde então, a taxa Selic subiu 4,5 pontos percentuais, de 10,5% ao ano para 15% ao ano, e atingiu o maior nível em quase 20 anos. O Copom ainda se reúne mais quatro vezes neste ano.
“O Comitê antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta.”
Ata da 271ª reunião do Copom
Retomada das altas no futuro não é descartada. Os diretores da autoridade monetária dizem que o Copom “seguirá vigilante” e não descarta a possibilidade de retomar o aperto monetário em breve. “Os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, diz a ata
BC avalia que a economia “ainda apresenta resiliência”. A autoridade monetária considera que o cenário “dificulta a convergência da inflação à meta e requer maior aperto monetário”. Ainda assim, os diretores dizem entender que o ciclo de alta dos juros deve trazer impactos dos próximos meses.
“Dadas as defasagens inerentes aos mecanismos de transmissão da política monetária, espera-se que tais efeitos se aprofundem nos próximos trimestres. O Comitê reforça que o arrefecimento da demanda agregada é um elemento essencial do processo de reequilíbrio entre oferta e demanda da economia e convergência da inflação à meta.”
Ata da 271ª reunião do Copom
Mercado vê Selic estável até o fim deste ano. A edição mais recente do Boletim Focus aponta que a Selic persistirá no patamar atual até dezembro. Para 2026, a expectativa é que a taxa sofra um corte de 0,25 ponto percentual, para 14,75% ao ano, no primeiro encontro realizado pelo colegiado no próximo ano.
Selic é principal instrumento de política monetária contra a inflação. Com o avanço dos preços, a elevação dos juros é utilizada como alternativa para encarecer o crédito e limitar o consumo. Com o dinheiro mais caro, a demanda por bens e serviços tende a diminuir e, consequentemente, conter a alta do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), principal índice inflacionário no Brasil.