Estados Unidos atacaram instalações nucleares iranianas na noite de sábado (21); O Irã afirmou que os americanos cruzaram uma linha vermelha e o Parlamento do Irã aprovou o bloqueio ao Estreito de Ormuz, em um movimento que foi considerado como retaliação aos Estados Unidos.
Por Redação g1
22/06/2025 08h34 Atualizado 22/06/2025
Trump fez um breve pronunciamento após ataque e ameaçou Irã se país não buscar um acordo — Foto: Carlos Barria/Pool/REUTERS
O presidente Donald Trump anunciou no sábado (21) que os Estados Unidos entraram no conflito entre Israel e Irã após atacar três instalações nucleares iranianas. Abaixo, vem em 10 pontos as principais informações sobre o ataque.
1. Por que os EUA atacaram o Irã?
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirma que os Estados Unidos atacaram complexos nucleares do Irã no sábado (21) com bombas antibunker para impedir que o Irã desenvolvesse armas nucleares.
Trump classificou os ataques como uma “ação defensiva” para proteger os EUA e seus aliados.
Às 20h50 (horário de Brasília), o presidente americano anunciou que o país bombardeou as três principais instalações nucleares do Irã: Fordow, Natanz e Isfahan. A ação foi coordenada com Israel. O Irã confirmou os ataques.
A operação americana aconteceu após uma semana de combates aéreos entre Israel e Irã.
2. O que Trump disse?

Pronunciamento de Donald Trump após ataque ao Irã
Trump disse que foi um ataque de “alta precisão”, com o objetivo de “destruir a capacidade nuclear iraniana. Para que deixem de ser uma ameaça nuclear e do terror”.
“Ou haverá paz ou haverá tragédia para o Irã. Que cessem os ataques que vimos nos últimos oito dias. Hoje foi o dia mais difícil de todos, e talvez o mais letal. Mas se a paz não vier rápido, nós vamos continuar atacando com precisão e habilidade”.
3. Como o Irã reagiu aos ataques?

Chanceler do Irã diz que EUA ‘cruzaram linha vermelha’
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, afirmou neste domingo (22) que os Estados Unidos “cruzaram uma linha vermelha muito grande” ao atacarem o país.
As declarações foram feitas durante uma coletiva de imprensa em Istambul, na qual o chanceler disse que os ataques representam uma “grave violação da Carta da ONU e do direito internacional” e anunciou que Teerã convocou o Conselho de Segurança da ONU para uma reunião de emergência.
Em uma ação considerada como retaliação aos ataques americanos, o Parlamento do Irã aprovou o bloqueio do Estreito de Ormuz, por onde passa 30% do comércio de petróleo mundial.
A medida ainda precisa passar pelo Conselho Supremo de Segurança Nacional e pelo aiatolá Khamenei para entrar em vigor.
4. O que disse o governo de Israel?
Netanyahu parabeniza Trump após bombardeio ao Irã — Foto: Reprodução
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, elogiou a decisão de Donald Trump. Ele declarou que a ação americana “mudará a história” e representa um avanço rumo à paz por meio da força.
5. Como o ataque repercutiu no Irã?
TV estatal iraniana exibiu um gráfico intitulado “Dentro do alcance de fogo do Irã” mostrando bases dos EUA destacadas em todo o Oriente Médio — Foto: X/ Reprodução
Após o ataque, um comentarista da emissora estatal iraniana afirmou que “todo cidadão americano ou militar na região é, agora, um alvo legítimo”.
A TV estatal também exibiu um gráfico que chamou de “Dentro do alcance de fogo do Irã”, mostrando bases dos EUA em todo o Oriente Médio.
O comentarista ainda mandou um recado ao presidente americano: “Trump, você começou. Nós terminaremos.”
6. Qual o impacto da entrada dos EUA no conflito?

Guga Chacra: ‘É a primeira vez que os EUA bombardeiam o Irã desde 1979’
Especialistas ouvidos em reportagem publicada pelo g1 na última quarta-feira (18) apontaram que a entrada dos EUA no conflito pode expor ainda mais as fragilidades internas do Irã.
“O que a gente observa que os Estados Unidos são os únicos atores competentes que teriam o poder num contexto mundial para neutralizar o programa nuclear iraniano, já que possuem artilharia para tanto, diferentemente de Israel”, disse Priscila Caneparo, doutora em Direito Internacional.
7. Como é a bomba antibunker?
As bombas “antibunker” MOP GBU-57 usadas no ataque se destacam pelo peso e pela forma de operação. Com 6,2 metros de comprimento, a única aeronave capaz de carregá-la é o bombardeiro americano B-2.
A MOP, sigla para Massive Ordnance Penetrator (penetrador massivo de artilharia, em tradução livre), é uma classe de bombas capaz de perfurar e destruir bunkers a dezenas de metros de profundidade.
Pete Hegseth, secretário de Defesa dos Estados Unidos, afirmou que foram usados sete bombardeiros com duas bombas MOP cada durante o ataque.
Este é o maior ataque operacional com aeronaves B-2 da história dos Estados Unidos.
8. Quais locais os EUA atacaram?
Os EUA atacaram três instalações nucleares no Irã: Fordow, Natanz e Esfahan.
Fordow é considerada a instalação nuclear melhor protegida do Irã. Foi construída estrategicamente dentro de uma montanha, ao sul de Teerã, para proteção contra ataques aéreos. (Saiba mais no vídeo abaixo)

Fordow: por que o programa nuclear do Irã está escondido embaixo de uma montanha?
9. Qual a importância de Fordow?
Instalação de Fordow se espalha em túneis subterrâneos — Foto: picture alliance/dpa/Satellite image 2019 Maxar Technologies/AP
O complexo nuclear de Fordow fica situado em uma antiga base militar perto da cidade de Qom e foi construída secretamente no início dos anos 2000.
Apesar de ser considerado um complexo menor do que Natanz, Fordow teria sido projetado para produzir graus mais puros de urânio, o que o tornava militarmente mais significativo.
Antes do início da ofensiva israelense, o Irã havia anunciado um plano de modernizar as estruturas do local.
10. Por que o conflito pode impactar a indústria petrolífera?
O Estreito de Ormuz, localizada entre Omã e o Irã, é uma via marítima importantíssima para o transporte de petróleo. Cerca de 30% de todo o petróleo do mundo passa pelo local.
Após o ataque americano, o Parlamento do Irã aprovou o bloqueio do estreito. Para entrar em vigor, porém, a medida ainda precisa passar pelo Conselho Supremo de Segurança Nacional e pelo aiatolá Khamenei para entrar em vigor.