Veículo: Estadão
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Data: 18/06/2025

Editoria: Shopping Pátio Higienópolis
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Risco de juros cresce de novo com a inflação que supera de longe a meta oficial do governo

Com inflação anual de 5,32% até maio e projeções acima de 5% para este ano, parte do mercado aposta em mais um aumento de juros nesta quarta-feira, 18, desta vez para 15%, enquanto uma parcela praticamente igual prevê manutenção da taxa em 14,75%.

Se o aumento ocorrer, os juros básicos voltarão ao nível mais alto desde julho de 2006, quando vigorava a taxa de 15,25%. Consumidores, comerciantes e empresários da indústria, do agro e dos serviços ficarão mais pressionados, e mais uma vez a expansão dos negócios e do emprego poderá perder impulso.

Embora a inflação mensal tenha recuado recentemente, passando de 1,31% em fevereiro para 0,26% em maio, a taxa acumulada em 12 meses ainda superou de longe a meta oficial de 3% e também o limite de tolerância, 4,5%. Nos primeiros cinco meses do ano a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), chegou a 2,75%.

Pelas estimativas do mercado, a contenção dos preços será lenta, neste e nos próximos anos
Pelas estimativas do mercado, a contenção dos preços será lenta, neste e nos próximos anos Foto: Wesley Gonsalves/Estadão

A boa oferta de comida prevista para o ano deve favorecer a contenção dos preços, mas outros fatores podem produzir efeito contrário. Um desses fatores poderá ser a demanda de consumo, se as condições do emprego continuarem favoráveis.

A instabilidade geopolítica também poderá ter efeitos inflacionários, e isso dependerá, em grande parte, do comportamento do presidente Donald Trump. Mas a variável mais importante poderá ser, mesmo, a propensão gastadora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, turbinada pela antecipação, já observável, da campanha eleitoral de 2026.

A inflação poderá ficar, no próximo ano, em 4,5%, batendo, portanto, no teto da meta oficial. Essa é a mediana das projeções captadas para o último boletim Focus. Pelas estimativas do mercado, a contenção dos preços será lenta, neste e nos próximos anos.

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A inflação estimada para 2027 ainda será elevada: 4%. Se confirmada, ficará 0,5 ponto abaixo do teto da meta, mas ainda bem acima do alvo central da política.

Em 2028, se tudo andar bem, baixará para 3,85%. Como sempre, ou quase sempre, os mais prejudicados pela alta de preços serão os mais pobres, o eleitorado supostamente mais cultuado pelo presidente Lula e por seus companheiros de partido.

Manter uma garantia de renda básica para todos os brasileiros poderá, talvez, atenuar os efeitos da inflação persistente. Mas no próprio governo já se discutem os custos dessa política — e os efeitos de sua previsível expansão — para as contas oficiais.

Embora interno, esse debate governamental já se tornou público, revelando a existência, na administração federal, de uma preocupação já presente, há mais tempo, fora dos gabinetes de Brasília.

A ajuda aos mais necessitados poderia ser muito mais barata, se uma inflação bem mais baixa produzisse menos danos para todas as famílias. Os benefícios seriam mais amplos, em todos os sentidos, até porque a economia poderia funcionar de modo mais previsível e com menos solavancos.