
O Grupo Bueno Netto começará a tirar do papel o shopping center do Parque Global, megaempreendimento imobiliário que está sendo construído na Marginal Pinheiros, zona sul de São Paulo. Até o fim do ano, a empresa planeja fazer o lançamento oficial do projeto e iniciar a comercialização das lojas. Paralelamente, será dada largada nas obras, cuja duração prevista é de três anos.
“Só estamos esperando sair o alvará final. Assim que a prefeitura liberar, começaremos a comercialização e as obras”, conta o fundador e presidente da companhia, Adalberto Bueno Netto, em entrevista à Coluna.
O projeto inicial é antigo e tinha previsão de lançamento em 2015, mas foi postergado em uma década porque o Ministério Público embargou o Parque Global alegando problemas ambientais, mesmo após a assinatura de termo de ajustamento de conduta que validava o empreendimento. O problema só foi resolvido em 2019. De lá para cá, o projeto do shopping foi atualizado e submetido a nova aprovação da prefeitura.
O novo centro de compras receberá investimento total de aproximadamente R$ 1,5 bilhão, a ser dividido pela Bueno Netto com um sócio estratégico e outros investidores minoritários. Na entrevista, o fundador não citou nomes dos parceiros, porque ainda há cláusulas suspensivas a serem superadas.
Allos deve ser parceira
Por sua vez, a Coluna apurou que o sócio estratégico é a Allos, maior empresa do segmento, com participação em 45 shoppings. A Allos tem a opção de entrar como sócia, o que está sujeito à liberação do alvará definitivo e à avaliação, pelo conselho, de determinadas variantes nas condições de mercado. Caso não siga como sócia, a companhia poderá ser apenas a administradora do futuro empreendimento.
Após publicação da notícia pelo Broadcast, a Allos divulgou comunicado em que confirma ter um documento firmado com empresa do grupo Bueno Netto “para eventual aquisição de terreno e desenvolvimento de um Shopping Center” no local. A empresa diz que o acordo está sujeito a determinadas condições como aprovação do projeto por órgãos públicos, inclusive o Cade, e cenário de mercado favorável, e não confirma valores e detalhes, diz que isso irá depender da situação do mercado à época do cumprimento de tais condições.
Quando pronto, o shopping terá 60 mil metros quadrados de área bruta locável (ABL), sendo capaz de comportar mais de 200 lojistas. O local permite expansão para até 85 mil metros quadrados, o que faria dele um dos maiores shoppings da capital paulista, superando o Eldorado e o Central Plaza, por exemplo.
Para as classes A e B
Os empreendedores esperam atrair o público das classes A e B que moram ou trabalham na região. Há um entendimento de que o Morumbi e os bairros do entorno são subatendidos em termos de comércio. Portanto, o local buscará um mix variado de lojas, unindo compras, serviços, lazer e gastronomia – só nesta parte estão previstas 30 operações. Na vizinhança do Parque Global está também o Cidade Jardim, mas a visão é que ele não seria um concorrente direto por estar mais focado no alto luxo.
Perguntando sobre as motivações para lançar um shopping bem neste momento em que os juros são os mais altos em quase duas décadas, Bueno Netto sinaliza que prefere olhar a “parte cheia do copo”. “O Brasil é uma grata surpresa. Apesar de tudo, o PIB está crescendo”, ressalta. “O comércio e a construção civil não estão sentindo problemas”, emenda, citando o próprio Parque Global como referência disso.
Complexo imobiliário
O complexo imobiliário já vendeu 92% dos apartamentos das primeiras cinco torres, que foram lançadas nos últimos anos. Ali, o preço médio gira em torno dos R$ 25 mil por metro quadrado. Ou seja, uma unidade de 240 metros quadrados está na faixa dos R$ 6 milhões. “Tem só uns 30 apartamentos sobrando. A aceitação foi muito boa”, comenta o fundador da construtora. No fim do ano passado, foi lançada a sexta torre residencial, que será bem mais alta que as demais, com 53 andares. Dos seus 300 apartamentos, 220 foram vendidos. No complexo também haverá um hotel da bandeira Emiliano e um centro médico operado pelo Hospital Israelita Albert Einstein.
Somando tudo isso, a ocupação do megaterreno de 218 mil metros quadrados chegará a 40%. Para o futuro, ainda será definida a destinação da área remanescente de 60%, que deverá incluir duas torres de escritórios anexas ao shopping, centro de convenções e mais prédios residenciais, projetos que serão desenvolvidos nos próximos dez anos.
Outra iniciativa que sairá do papel agora é a abertura de uma avenida com 500 metros de extensão conectando a Marginal Pinheiros à Rua Professor Benedito Montenegro, que passa atrás do Parque Global. A obra já está contratada e em vias de começar, segundo Bueno Netto. Com isso, o empreendimento terá uma segunda via de acesso, hoje restrita à Marginal.