Cerca de 36% das categorias de produtos de alto giro nas lojas, como alimentos e bebidas, estão faturando mais por causa do aumento dos preços, e não de volume vendido, num total de 308 segmentos analisados.
Além disso, a busca pelo consumidor por marcas de preços mais acessíveis fez com que 74% das mercadorias fossem trocadas pelos clientes para outras mais em conta no ano passado, numa análise de 88 categorias.
Os números foram divulgados na tarde desta terça-feira (20), pela empresa de pesquisas Nielsen IQ (NIQ), em evento de varejistas e indústrias do setor, em São Paulo. A base de dados é da ferramenta “Homescan”, que analisa informações de 250 mil lares em 25 países.
“O preço da comida está pesando muito. Isso veio desde a pandemia, quando sentimos uma pancada. Até houve uma reduzida em 2023, mas voltou agora. E a nossa expectativa é que isso não melhore neste ano. Há uma onda inflacionária, oriunda do câmbio, vinda desde 2024 e que ainda afeta 2025”, disse nesta tarde o economista Fernando Sampaio, da LCA 4intelligence, no encontro promovido pela NIQ.
O relatório, apresentado pela primeira vez ao mercado, mostra ainda que cerca de 84% das categorias básicas vendidas em lojas como supermercados e atacarejos desaceleraram em volume vendido de janeiro a março deste, frente a 2024, por conta de um cenário de redução de gastos da população.
Somado a isso, a frequência de compras dos clientes nas lojas caiu ligeiramente no varejo, de 2024 para 2025, o que mostra que o consumidor tem ido até o comércio em datas mais próximas ao recebimento do salário, e reduzido visitas esporádicas.
Desempenho por segmento
O levantamento mostra que produtos de higiene e limpeza e os itens eletroeletrônicos registraram a maior desaceleração no volume de compra de janeiro a março de 2025, frente ao acumulado do ano passado.
Nos eletrônicos, afetados pela alta dos insumos dolarizados, o volume cresceu 10% em 2024, mas no primeiro trimestre, atingiu 5,1% em relação ao ano anterior.
Em limpeza, a aceleração também diminuiu de forma relevante, de 7,3% para 2,1% em termos volumes no mesmo período.
Nos produtos alimentícios, a alta de 4,2% de janeiro a dezembro de 2024 foi para 2% nos três meses seguintes.
Considerando toda a cesta de produtos, o país recuou de uma alta na venda de 4,6% (em volume) para 1,6% no mesmo intervalo analisado, em 2024 e de janeiro a março.
Esse movimento aconteceu ao mesmo tempo em que os repasses de preços chegaram nas gôndolas. Apresentado às empresas hoje por Alfredo Costa, diretor da NIQ, o relatório mostra que itens de alimentos e bebidas tiveram a maior concentração de reajustes entre 5% a 10%, pela valorização do câmbio sentida especialmente após novembro, com a escalada da moeda americana.
Há repasses mais raros entre 10% e 20% — há cerca de 80 itens avaliados, com reajustes para baixo e para cima. Esses dados são coletados pela ferramenta “Retail Index”, que considera a variação do preço médio por categorias.
A pesquisa ainda reforça que a busca pelo consumidor por marcas de preços mais acessíveis fez com que 74% das mercadorias fossem trocadas pelos clientes para outras mais em conta no ano passado, numa análise de 88 categorias.