É uma reversão para os aplicativos de compras que ganharam popularidade nos últimos anos ao oferecer grandes descontos em produtos enviados diretamente de fábricas e fornecedores na China
Por Bloomberg — Nova York
17/05/2025 04h01 Atualizado há 2 dias
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Lojas de departamento e redes de desconto nos Estados Unidos estão se beneficiando à medida que os consumidores reduzem suas compras nas plataformas chinesas Temu e Shein, que viram seu impulso despencar desde que os EUA fecharam uma brecha tarifária que havia contribuído para seu crescimento.
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A empresa de pesquisa Consumer Edge Research analisou dados de gastos dos consumidores que fizeram pelo menos duas compras na Shein e na Temu nos dois primeiros meses de 2025 e depois não compraram nada nesses sites em março e abril.
A empresa de Nova York concluiu que esses consumidores redirecionaram uma quantidade “desproporcional” de seus gastos para lojas de departamento como a Bloomingdale’s, Macy’s e a Kohl’s, bem como para lojas de roupas com descontos, como a Old Navy, da Gap.
A Consumer Edge Research coleta dados de milhões de transações com cartões de crédito e débito.
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É uma reversão abrupta para os aplicativos de compras que ganharam popularidade nos últimos anos ao oferecer aos consumidores dos EUA grandes descontos em produtos enviados diretamente de fábricas e fornecedores na China.
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Temu e Shein se beneficiaram principalmente da brecha tarifária “de minimis”, que permitia que remessas internacionais de até US$ 800 entrassem nos EUA isentas de impostos. O presidente Donald Trump anunciou em abril que encerraria essa isenção tarifária em 2 de maio.
Os efeitos foram imediatos. O crescimento dos gastos dos consumidores dos EUA despencou em abril, após um aumento de 50% na Temu e 30% na Shein no início do ano, segundo a Consumer Edge. Ambas as empresas reduziram seus investimentos em publicidade após o anúncio de Trump, e a Temu passou a destacar apenas produtos já enviados para os EUA e que não estão sujeitos às novas tarifas.
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A Consumer Edge não calculou o valor total que foi redirecionado da Shein e da Temu para outros varejistas. Em vez disso, identificou grandes aumentos de gastos em outros varejistas por parte de consumidores que haviam deixado de comprar nas plataformas chinesas.
Esses consumidores gastavam, em média, cerca de US$ 30 por pedido na Temu e US$ 50 por pedido na Shein, de acordo com a pesquisa.
Segundo Michael Gunther, vice-presidente de percepções da Consumer Edge, os compradores da Temu provavelmente foram atraídos pela ampla variedade de produtos oferecida pelas lojas de departamento, enquanto os clientes da Shein parecem ter migrado para varejistas de roupas com desconto.
“Esses são sinais iniciais do que está acontecendo com o comportamento do consumidor em relação às tarifas”, afirmou Gunther, acrescentando que o crescimento dos gastos dos compradores americanos já estava desacelerando mesmo antes do anúncio das novas tarifas por Trump.
Além disso, os consumidores dos EUA também estão acessando muito menos os aplicativos da Temu e da Shein. O número médio de usuários diários da Temu caiu para 41,2 milhões até agora em maio, comparado a 58 milhões em março, segundo dados da Sensor Tower, que monitora o uso de aplicativos. No caso da Shein, a média de usuários diários caiu de 29,2 milhões em março para 25,5 milhões em maio.
Essa mudança de comportamento é uma boa notícia para os varejistas americanos. A Gap, que obtém cerca de 10% de suas roupas da China, afirmou que espera um crescimento de cerca de 2% nas vendas este ano.
A Macy’s planeja fechar 86 lojas nos próximos dois anos, como parte de uma estratégia de reestruturação que foca em investir nas unidades com melhor desempenho. A Kohl’s também está fechando lojas e procura um novo CEO após a demissão do anterior em maio