Plano da varejista chinesa de abrir capital enfrenta entraves geopolíticos e pressões regulatórias. Estratégia atual inclui produção descentralizada e foco em mercados emergentes.

Após uma série de tentativas frustradas de abrir capital nos Estados Unidos e, mais recentemente, no Reino Unido, a varejista chinesa Shein decidiu pausar temporariamente seu plano de IPO.
A mudança ocorre em meio a tensões comerciais entre Estados Unidos e China, que resultaram na proposta do presidente dos EUA Donald Trump em impor tarifas de até 145% sobre produtos chineses — medida que atinge diretamente o modelo logístico da empresa.
Nem tudo foi como planejado
A SHEIN havia apostado no chamado regime “de minimis”, que isenta de impostos remessas de até US$ 800 nos EUA, para sustentar sua operação baseada em envios diretos da China. A possibilidade de revisão desse benefício, somada ao clima político desfavorável à gigante do fast fashion, fez com que a empresa buscasse alternativas para seu processo de abertura de capital, mirando a Bolsa de Londres.
No Reino Unido, no entanto, a varejista enfrentou pressão de parlamentares, preocupados com denúncias sobre más condições de trabalho e evasão fiscal. A reação negativa levou a empresa a encerrar contratos com agências de lobby e comunicação no país, suspendendo oficialmente o processo de IPO no mercado britânico.
Novas estratégias precisam ser formadas
Diante desse cenário, a companhia redirecionou sua estratégia para mercados emergentes — com destaque para o Brasil. Além de ampliar investimentos em publicidade local, a empresa tem intensificado acordos com fornecedores nacionais e busca consolidar parte de sua produção em território brasileiro. A descentralização da cadeia de suprimentos aparece como resposta aos riscos geopolíticos e à necessidade de adaptar-se às regulamentações de cada mercado.
Com operações em expansão na América Latina, a SHEIN passa a apostar na combinação entre fabricação local e canais digitais para manter competitividade. A movimentação reflete uma tendência mais ampla entre plataformas globais de e-commerce, que agora buscam modelos de operação menos dependentes da Ásia para mitigar efeitos de tarifas e pressões regulatórias internacionais.