Veículo: O Globo
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Data: 30/04/2025

Editoria: Shopping Pátio Higienópolis
Assuntos:

ONG pede indenização de R$50 milhões do Shopping Higienópolis após caso de racismo em SP

A ONG Educafro Brasil pede na Justiça que o Shopping Pátio Higienópolis pague uma indenização de R$50 milhões por dano moral e coletivo após a denúncia de um novo caso de racismo no centro comercial. A entidade solicita que o valor seja destinado a um fundo público gerido pelo Ministério da Justiça.

Em 16 de abril, um segurança do shopping perguntou a uma jovem branca se ela estaria sendo incomodada por dois meninos negros que a acompanhavam dentro do estabelecimento. Os três eram colegas de escola e estavam passeando no endereço. Os seguranças teriam insistido na abordagem e acusado os adolescentes de estarem pedindo dinheiro para a garota, segundo o UOL.

Na ação civil pública, que foi apresentada pela Educafro no dia 25 de abril no Tribunal de Justiça de São Paulo, a entidade cita outros episódios de racismo envolvendo o shopping. Em 2017, um segurança foi acusado de identificar um filho de um jornalista como morador de rua e solicitar que o rapaz deixasse o local. No ano seguinte, um pai, acompanhado do filho de 14 anos, foi pedir informações a um segurança quando o homem ordenou que o jovem “retirasse as mãos do bolso” do moletom, “uma medida de segurança”.

A Educafro cita ainda uma ação movida em 2019 pelo shopping na Justiça, em que a empresa pedia autorização para os seguranças removerem crianças e adolescentes em situação de rua desacompanhados de pais e responsáveis. O pedido foi negado pela Justiça.

— O valor de R$50 milhões foi definido com base na repetição, omissão e gravidade do caso e no impacto coletivo à comunidade afro-brasileira que ele representa — diz o Frei David Santos, diretor executivo da Educafro.

A ONG pede que o shopping revise os contratos de terceirização de segurança para exigir treinamentos mais rigorosos dos vigilantes, insira cláusulas antirracistas nos contratos com os fornecedores e prestadores de serviço e apoie bolsas de estudo em instituições de ensino voltadas para a formação profissional de jovens negros, entre outras medidas.

Após o caso em abril, o Higienópolis informou que o comportamento do segurança “não reflete os valores do shopping e o tema está sendo tratado com máxima seriedade. O empreendimento possui frequente grade de treinamentos e letramento, que será ainda mais reforçada para reiterar nosso compromisso inegociável com a construção de um espaço verdadeiramente seguro e acolhedor para todas as pessoas”.

O GLOBO procurou o shopping para comentar a ação da Educafro e aguarda retorno.

 

Protesto de alunos

 

Alunos do Colégio Equipe se reuniram na semana passada no shopping Higienópolis para protestar contra a abordagem racista sofrida por dois estudantes da instituição. Com placas e palavras de ordem, dezenas de alunos, pais e professores falavam contra o racismo estrutural e cobraram mudanças na administração e na conduta do centro comercial. Larissa Cunha, mãe do Isaac, uma das crianças que sofreu com o episódio, esteve no ato.

— O que pegou mais no Isaac, que ele ficou mais sentido, é que ele estava com amigos dele, pessoas importantes a quem ele dá muito valor. Passar por tudo isso foi mais vergonhoso do que se ele estivesse sozinho. Ele ficou muito mal mesmo — disse Larissa.

Em nota, o shopping afirmou que a manifestação ocorreu de forma pacífica e informou que “reforça o compromisso com o respeito ao direito à livre expressão, dentro dos limites do regulamento do empreendimento”.