Veículo: Valor Econômico
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Data: 17/04/2025

Editoria: Shopping Pátio Higienópolis
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Ações do varejo sobem com expectativas sobre o 1º trimestre, mas incertezas persistem

As ações das principais varejistas brasileiras registraram valorização nas últimas semanas, numa indicação de que os resultados operacionais do primeiro trimestre não devem ser tão fracos quanto os inicialmente projetados por analistas. A leitura é que a economia ainda aquecida, o desempenho positivo do mercado de trabalho e o fechamento da curva de juros contribuíram para a subida dos papéis na bolsa.

Apesar disso, as incertezas macroeconômicas impõem cautela sobre a continuidade desse desempenho, especialmente no segundo semestre do ano.

O índice de consumo (ICON) da B3 acumulou alta de 12,3% em março, superando o desempenho do Ibovespa, que avançou 5,1% no mesmo período. Relatório do Banco do Brasil mostra que os papéis de Casas Bahia (239,25%), Magazine Luiza (41,96%) e Assaí (13,04%) apresentaram as maiores altas, seguidos de Pague Menos (11,7%), RaiaDrogasil (9,61%), Lojas Renner (9,57%) e Grupo Mateus (7,20%).

Para BTG Pactual e Santander, os resultados do primeiro trimestre de 2025 das varejistas devem ficar em linha com os do quarto trimestre de 2024, com a maioria das empresas apresentando crescimento de receita, alavancagem operacional e menor custo médio de financiamento. Vale lembrar que os números serão afetados por um dia a menos em fevereiro e pela ausência da Páscoa, que será contabilizada apenas no segundo trimestre.

“No entanto, reconhecemos que, com as evidentes incertezas macroeconômicas, especialmente para o segundo semestre de 2025, o setor continua desfavorecido”, escreveram analistas do Santander liderados por Rubem Couto.

O Carrefour Brasil divulgou suas prévias operacionais no último domingo (13), e os resultados não animaram o mercado. Na avaliação do BTG, o desempenho reflete os desafios para integrar a operação do Grupo BIG, a recente deterioração da margem bruta e um ambiente competitivo difícil, especialmente na divisão de atacado no Sudeste.

“Embora as tendências devam melhorar gradualmente nos próximos trimestres, apoiadas pelos esforços para otimizar o portfólio de lojas e pela recente recuperação na inflação de alimentos, os resultados permanecerão sob pressão no curto prazo, e o desempenho das ações deve ser ditado pelo fluxo de notícias sobre o processo de deslistagem da empresa”, escreveram os analistas.

EUA x China

Para os próximos meses, além das variáveis internas, o varejo e a indústria brasileira de bens de consumo acompanham de perto o impacto da decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de elevar impostos sobre produtos da China.

O Valor noticiou que ações já têm sido discutidas nos “marketplaces”, desde o começo do ano, para redirecionar produtos chineses a mercados emergentes de consumo global, entre eles México e Brasil.

Para dar dimensão do tamanho desse mercado, a área de alfândega e proteção de fronteiras dos EUA processa mais de 4 milhões de remessas de produtos de até US$ 800 para os Estados Unidos a cada dia. No Brasil, de acordo com a Receita Federal, no acumulado de 2024, foram cerca de 187 milhões de remessas internacionais, média de 520 mil por dia.