Veículo: O Globo
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Data: 16/04/2025

Editoria: L-Founders, Shopee/Shein
Assuntos:

Vendas de Shein e Temu disparam nos EUA com clientes estocando produtos antes do tarifaço

Por 

Bloomberg News

16/04/2025 14h06  Atualizado agora

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As gigantes chinesas do comércio on-line Temu e Shein viram suas vendas para os EUA dispararem em março e nos primeiros dias de abril, à medida que os consumidores americanos estocaram os mais variados tipos de produto, como pincéis de maquiagem e eletrodomésticos, antes dos aumentos de preços provocados pelo tarifaço do presidente Donald Trump.

A Shein registrou um dos seus melhores crescimentos de vendas nos EUA nos últimos 12 meses, com a receita aumentando 29% em março em comparação com o ano anterior e acelerando ainda mais para 38% nos primeiros 11 dias de abril, último período com dados disponíveis. Enquanto isso, a Temu teve crescimento de 46% e 60% nos mesmos períodos, de acordo com a Bloomberg Second Measure, que analisa dados de transações de cartões de crédito e débito.

As vendas têm se mantido resilientes desde março, já que o aumento das tarifas do presidente Donald Trump deu um forte sinal aos consumidores de que os preços provavelmente subirão, disseram à Bloomberg News quatro comerciantes que vendem na Temu e na Shein.

Vendas crescem na Best Buy e em concessionárias

 

Além da guerra comercial contra a China, com a aplicação de uma tarifa de 145% sobre produtos chineses, o governo Trump também vai encerrar em maio a isenção conhecida como “minimis”, que permitia o ingresso nos EUA de encomendas de até US$ 800 sem pagamento de taxas.

As fortes vendas de Temu e Shein são mais um sinal de como os consumidores americanos estão estocando de tudo, de carros a azeite de oliva e até iPhones, antecipando a disparada dos preços após a implementação das tarifas.

A varejista de eletrônicos Best Buy registrou seu melhor desempenho mensal desde 2021, e as visitas às concessionárias da Toyota e da Hyundai também aumentaram.

— Tivemos boas vendas desde março e vimos alguns estoques acumulados nas últimas semanas, como clientes comprando 15 conjuntos do mesmo kit de maquiagem de uma só vez. Nunca vi isso antes — disse Sun Yang, dono de uma loja na Temu que vende instrumentos para pintura facial e corporal, como pincéis e paletas de cores.

Sun disse que precisará aumentar os preços em 20% a 30% para cobrir o aumento das tarifas e dos custos logísticos de envio de mercadorias para armazéns nos EUA nas próximas semanas.

Para alguns fornecedores chineses, a prioridade é garantir novos locais de produção fora da China o mais rápido possível, já que o aumento de pedidos a curto prazo dificilmente compensará a queda esperada nas vendas nos EUA, uma vez que sejam forçados a aumentar os preços.

A decisão de Trump de suspender as tarifas mais altas para dezenas de parceiros comerciais por 90 dias, ao mesmo tempo em que aumentava as taxas sobre produtos fabricados na China para 145%, apenas reforçou a necessidade de adquirir seus produtos de outros lugares.

Frank Deng, gerente de vendas de uma exportadora de eletrodomésticos com sede em Xangai e que vende online para os EUA, afirma que sua empresa geralmente tem estoque suficiente para três meses.

— Quando o estoque se esgotar, a verdadeira batalha vai começar — disse ele.

Ele acrescentou que a empresa inicialmente sentiu que poderia tolerar tarifas mais altas até que Trump as aumentou drasticamente para acima de 100%. Agora, eles estão passando cada minuto procurando novos locais de fabricação no Vietnã.

— Temos apenas três meses para fazer isso, ou o jogo acaba — afirmou Deng.