O setor de serviços brasileiro voltou a crescer em fevereiro e registrou um desempenho melhor do que o esperado diante da força do setor de informação e comunicação, mesmo em um cenário de esperada desaceleração da economia.
O volume de serviços teve em fevereiro alta de 0,8%, devolvendo a contração de 0,6% em janeiro, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira (10) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o volume teve ganho de 4,2%. Mas mesmo com os dados fortes de fevereiro, o setor de serviços ainda está 1% abaixo do ponto mais alto de sua série, alcançado em outubro de 2024.
Os resultados ficaram acima das expectativas em pesquisa da Reuters de altas de 0,1% na comparação mensal e de 3,3% na base anual.
“Em fevereiro, o setor de serviços mostrou um crescimento disseminado, com quatro das cinco atividades pesquisadas tendo resultados positivos. Com o avanço deste mês, houve recuperação da perda verificada em janeiro”, disse o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
O IBGE destacou o desempenho do setor de informação e comunicação, que cresceu 1,8% em fevereiro, favorecendo o resultado geral.
“O grande destaque dos últimos meses tem sido o setor de informação e comunicação, especialmente a parte de serviços de tecnologia da informação, que segue renovando a cada mês o ápice de sua série por conta de alta demanda no fornecimento de serviços TI“, afirmou Lobo.
Outras três atividades apresentaram desempenho positivo no mês —serviços profissionais, administrativos e complementares (1,1%), outros serviços (2,2%) e serviços prestados às famílias (0,5%).
Por outro lado, o volume do setor transportes recuou 0,1% em fevereiro devido “a uma queda na receita das empresas que atuam com atividade de correio, de logística de transporte, de transporte dutoviário e de transporte rodoviário coletivo de passageiros”, segundo o gerente da pesquisa.
Apesar do resultado melhor que o esperado, o setor de serviços pode apresentar um crescimento mais lento este ano, acompanhando a perda de força gradual da economia. Entre os fatores que pesam sobre a atividade, está a inflação persistente, os juros elevados e o aperto das condições financeiras.
O Banco Central elevou a Selic em 1 ponto percentual no mês passado, a 14,25% ao ano, e indicou um ajuste de menor magnitude na reunião de maio. A autoridade monetária ainda prevê uma continuidade da inflação acima do teto da meta ao longo deste ano.
Na quarta (9), o IBGE havia divulgado que as vendas do varejo cresceram 0,5% em fevereiro sobre o mês anterior e atingiram o maior nível da série histórica iniciada, em janeiro de 2000, superando em 0,3% o nível recorde anterior, de outubro de 2024. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve aumento de 1,5% nas vendas.
Os resultados ficaram em linha com as expectativas em pesquisa da Reuters.