Veículo: Valor Econômico
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Data: 10/04/2025

Editoria: Shopping Pátio Higienópolis
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Varejo melhora em fevereiro, mas cenário é de ano modesto

As vendas no varejo voltaram a se recuperar em fevereiro, depois de quatro meses de estabilidade, mas a previsão no curto prazo é de crescimento moderado. Os dados, segundo economistas ouvidos pelo Valor, apontam para desaceleração gradual do consumo das famílias e um desempenho mais fraco neste ano do que em 2024.

O volume de vendas no varejo restrito subiu 0,5% em fevereiro, ante janeiro, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em janeiro, a alta havia sido de 0,2%.

O resultado veio menor que a mediana estimada pelo Valor Data, de alta de 0,6%. Na comparação com fevereiro de 2024, o varejo restrito avançou 1,5%.


No varejo ampliado, que inclui veículos e motos, partes e peças, material de construção e atacarejo, o volume de vendas caiu 0,4% em fevereiro, ante janeiro. Consultorias e instituições financeiras esperavam estabilidade.

No varejo ampliado, que inclui veículos e motos, partes e peças, material de construção e atacarejo, o volume de vendas caiu 0,4% em fevereiro, ante janeiro. Consultorias e instituições financeiras esperavam estabilidade.

Na comparação com fevereiro de 2024, o volume de vendas do varejo ampliado subiu 2,4%.

Os itens alimentícios e os artigos farmacêuticos contribuíram para a alta das vendas do varejo restrito em fevereiro, afirma Rodolpho Tobler, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).

“Voltamos a ter alta do varejo restrito, o que mostra uma certa resiliência. Por outro lado, esse resultado mais favorável foi um pouco mais concentrado, então não dá para dizer que o setor está superaquecido, que a demanda está muito forte. Há uma certa concentração em itens essenciais, como supermercados, produtos alimentícios e artigos farmacêuticos”, diz.

O mês de fevereiro foi de comportamento misto dentre as oito atividades que compõem o varejo restrito. Quatro dos segmentos registraram alta, enquanto outros quatro tiveram queda.

Na ponta positiva está o segmento de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo – que tem o maior peso no varejo restrito -, com alta de 1,1%. Outras atividades em alta são móveis e eletrodomésticos (0,9%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,3%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,1%).

No território negativo aparecem livros, jornais, revistas e papelaria (-7,8%), equipamentos e material para escritório informática e comunicação (-4,2%), tecidos, vestuário e calçados (-0,1%) e combustíveis e lubrificantes (-0,1%).

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Na divulgação dos dados da PMC, o gerente da pesquisa, Cristiano dos Santos, afirmou que a entrada de novos dados referentes a 2024 de uma grande empresa do setor farmacêutico levou a uma revisão da série histórica. Os novos dados afetaram todas as bases de comparação da pesquisa: frente ao mês imediatamente anterior, ante igual período do ano anterior e no acumulado em 12 meses.

No varejo ampliado, houve queda de 2,6% em veículos, motos, partes e peças e aumento de 1,1% no material de construção, na série com ajuste sazonal.

Para Rodolfo Margato, economista da XP, os dados de fevereiro revelam um cenário de desaceleração gradual do consumo das famílias. “Já esperávamos que não haveria uma reversão rápida, intensa no comércio varejista, no consumo das famílias como um todo. Os números recentes acabaram corroborando essa visão. Essa é a mensagem mais geral, até qualitativa, sobre os resultados do primeiro bimestre de 2025.”

Olhando adiante, afirma, a expectativa é de alta moderada do varejo no curto prazo.

“Por um lado, o aperto das condições financeiras deve continuar pesando sobre o consumo. Por outro, o mercado de trabalho continua robusto”, argumenta.

“No primeiro trimestre, houve aumento da população empregada, especialmente com carteira assinada. Também houve aumento dos salários reais, com a massa de renda disponível às famílias em crescimento”, afirma.

“Não dá para dizer que o setor está superaquecido, que a demanda está muito forte”

Em fevereiro, ante janeiro, a receita nominal do varejo restrito avançou 1,4%. Na comparação com fevereiro de 2024, o aumento foi de 7,1%. Já a receita nominal do varejo ampliado subiu 0,6%.

Além da robustez do mercado de trabalho, algumas medidas recentemente anunciadas pelo governo devem sustentar a demanda no curto prazo, afirma Margato. Como, por exemplo, a liberação de saldos do FGTS, medidas de crédito consignado para o setor privado e injeção de recursos do programa Minha Casa Minha Vida.

A XP projeta alta de 2,3% do varejo restrito em 2025, após crescimento de 4,1% em 2024. Para o ampliado, a projeção é de crescimento de 2,5% neste ano, depois de alta de 3,7% no ano passado.

“Há uma moderação do crescimento, mas o sinal não deixa de ser positivo”, diz o economista, ao prever que o crescimento do consumo das famílias desacelere de 4,5% em 2024 para a 2% neste ano, assim como o do PIB, de 3,4% no ano passado para 2,3% em 2025.

Nos próximos meses, a perspectiva é de continuidade da desaceleração do crescimento do varejo como um todo, diz Marianna Costa, economista-chefe da Mirae Asset.

“A expectativa é a de que a atividade vá, aos pouquinhos, desacelerando”, diz. “Logo vamos ver consequências nas vendas do varejo, que vão, aos poucos, perdendo força e saindo desse patamar tão alto de volume de vendas.”

Somam-se a isso pressões inflacionárias que prejudicam o poder de compra e a renda disponível, diz Isabela Tavares, economista da Tendências Consultoria.

“O que deve ajudar a diminuir essas perdas são programas recentes no mercado de crédito, como o novo consignado do trabalhador”, diz. Para 2025, a Tendências prevê expansão de 1,9% do varejo restrito e de 1,7% do ampliado.