Um novo CEO chegou ao Supermercados Pague Menos para conduzir a rede pelos próximos 5 anos. Em entrevista exclusiva ao Jornal Giro News, Sérgio Biagioli falou sobre o planejamento estratégico delineado para o futuro do negócio, além de movimentos do canal alimentar e a decisão da empresa de se manter atuando apenas com o formato de supermercado, bem como concentrar a atuação no interior paulista. “Não pretendemos chegar à capital nem a outros estados. E nem teremos atacarejo, loja de proximidade ou um modelo diferente que não seja supermercado grande. O foco é o que sabemos fazer bem feito. O nosso modelo de negócio é super resiliente, tanto que crescemos em mesmas lojas mais do que crescem os atacarejos”, enfatiza Biagioli. Segundo o executivo, em 20 dos 21 municípios onde atua, o Pague Menos é o “supermercado da cidade”. Isso faz a rede conhecer o público e ter um CRM que identifica 90% dos clientes. O ticket médio dos clientes cadastrados geralmente é quase o dobro em relação ao de clientes não identificados.
Atacarejo x Proximidade
Entre os focos da empresa, está o reforço do posicionamento varejista. “Vemos os atacarejos crescendo e se desenvolvendo, começando a ter coisas que não tinham, como perecíveis, sortimento mais abrangente e nível de serviço maior. E esse é o grande desafio: como a gente sobrevive nesse contexto dos atacarejos se modificando?” Biagioli avalia que o atacarejo não tem mais tanto espaço para crescer organicamente, visto que já há canibalização entre o modelo. Com o boom de inaugurações, outros players chegam ao interior de São Paulo, não só de atacarejos, mas também de proximidade. No entanto, na visão do CEO, este último não tem um “futuro muito grande no interior”. “Na capital, por causa das dificuldades de locomoção, o cliente acaba comprando próximo do trabalho, da residência, do metrô, trem ou ônibus. No interior não existe essa dificuldade e a padaria que faz esse papel de conveniência.” A região já recebeu redes com este formato, mas não avançaram pois “o cliente não aceitou sortimento reduzido em troca de proximidade”. Para o executivo, ainda é um modelo a ser discutido.
Expansão x Mão de Obra
Na última terça-feira (08), o Pague Menos abriu a unidade Lix da Cunha e, em torno de 30 a 40 dias, iniciará as atividades da filial John Boyd Dunlop (comprada da rede Supermercados Caetano), ambas em Campinas (SP). Além disso, há terrenos em Cosmópolis e Indaiatuba, para inaugurações no próximo ano. “No nosso planejamento estratégico, definimos as principais avenidas de trabalho, por exemplo marca própria e CRM. E por último, claro, a sustentação do plano estratégico que é a expansão. Vamos expandir organicamente e inorganicamente fazendo algumas aquisições”, detalha o CEO. A expansão vem acompanhada da ideia de construir planos de benefícios, treinamento de lideranças e escola de formação para profissionais como padeiros e açougueiros, visando mitigar o problema de falta de mão de obra qualificada que o setor enfrenta. “O desafio é criar um ambiente de engajamento e retenção, para que possamos planejar três, quatro lojas por ano.” Em 2025, o foco será ajustar processos e, a partir de 2026, os investimentos serão voltados à operação de logística, transporte e distribuição.
Venda Online e Inflação
O e-commerce se mostra como mais um quebra-cabeça na conta dos varejistas e, na rede supermercadista, tem representatividade abaixo de duplo dígito. “Estão chegando várias plataformas de venda online, até o TikTok e a indústria estão fazendo venda direto ao consumidor. Toda vez que a gente faz contas apurando o resultado dessa operação, ela não é superavitária, ou, se é superavitária, tem uma rentabilidade muito baixa”, revela Biagioli. Apesar disso, o Pague Menos acredita que o canal digital é o caminho e que o cliente vai migrar para ele. Neste cenário, as questões são como estruturar a área de e-commerce e fazê-la ficar tão rentável quanto o mundo físico. Outra adversidade enfrentada pelo setor é a mudança de comportamento no consumo devido à inflação. “A frequência dos clientes anda diminuindo. Quanto mais inflação tem no país, menos vezes eles vão ao supermercado, voltando a criar o hábito de comprar assim que recebem o salário. Acredito que é o momento; com a estabilidade econômica e a inflação caindo de novo, ele volta a comprar”, finaliza o CEO.