Veículo: Folha de São Paulo
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Data: 16/12/2024

Editoria: Shopping Pátio Higienópolis
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Ninguém no mercado tem mais responsabilidade fiscal do que eu, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse neste domingo (15) que o pacote de corte de gastos foi enviado ao Congresso por seu governo, mas que Câmara e Senado têm soberania para mexer no texto.

As preocupações com o aumento do gasto público e as reações do mercado, que levaram à cotação recorde do dólar e à queda na Bolsa brasileira, são, para Lula, uma “bobagem”.

“Não é a primeira vez que eu sou presidente”, afirmou, em entrevista ao Fantástico, da rede Globo. “Ninguém neste país, ninguém, do mercado, tem mais responsabilidade fiscal do que eu.”

O presidente Lula concede entrevista coletiva após receber alta do hospital Sírio-Libanês, em São Paulo – Zanone Fraissat/Folhapress

Entre as principais medidas do pacote, está a limitação do ganho real do salário mínimo, que vai acompanhar as mesmas regras do arcabouço fiscal —cujo limite de despesas tem expansão real de 0,6% a 2,5% ao ano.

O governo também vai rever a regra de concessão do abono salarial, espécie de 14º salário pago a quem hoje ganha até dois salários mínimos. Nos próximos anos, haverá uma transição para que o benefício passe a ser concedido a quem ganha 1,5 salário mínimo.

Diante da escalada do dólar e dos juros futuros, críticos do pacote do ministro Fernando Haddad (Fazenda) defendem medidas como o aperto nas vinculações de saúde e educação e regras mais duras de acesso a benefícios, como o seguro-desemprego, o abono salarial e o auxílio-doença.

Mas, de acordo com pessoas ouvidas pela Folha que negociam o pacote no Congresso, a chance de que o texto aprovado seja mais duro do que o enviado é praticamente zero.

Lula saiu do hospital neste domingo e foi para sua casa em São Paulo. Na semana passada, o presidente foi submetido a uma cirurgia de emergência após sangramento intracraniano. O petista deverá ficar na cidade até quinta-feira (19), quando fará uma tomografia. Depois disso, poderá ir para Brasília.

Para o presidente, não cabe ao mercado a preocupação com os gastos públicos. “Se eu gastar mais, quem vai pagar é o povo pobre”, disse. Segundo Lula, a única coisa errada no país no momento é a taxa de juros acima de 12%.

Na quarta (11), o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu por unanimidade fazer uma alta de juros mais agressiva e elevou a taxa básica (Selic) em um ponto percentual, de 11,25% para 12,25% ao ano.

O presidente da República também defendeu a reforma tributária, que volta à Câmara nesta semana, por ter sido alterada no Senado. Na quinta, quando voltar a Brasília, quer falar com Haddad para ver “o que a gente pode fazer”.

Lula disse também que acredita em um aumento na arrecadação de impostos, apenas com o recolhimento de “tributos já estabelecidos em lei”, e que isso garantirá condições “suficientes para cuidar das coisas”.

“O que a gente não pode”, afirmou Lula, “é aumentar tributo.”