Veículo: Valor Econômico
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Data: 13/12/2024

Editoria: Shopping Pátio Higienópolis
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Estresse no mercado se intensifica após Copom

Para Filippe Santa Fé, do ASA, se Copom não tivesse sido duro em decisão, dólar poderia caminhar em direção a R$ 7 — Foto: Divulgação

O estresse voltou a tomar conta do mercado financeiro no pregão de ontem, onde quase toda a tentativa de alívio das sessões anteriores foi desfeita. A reação inicial ao “choque” de juros adotado pelo Banco Central seguiu o script, mas durou pouco tempo e deu espaço a uma piora relevante das condições financeiras. O dólar, que chegou a ser negociado a R$ 5,86, apagou toda a queda do início da sessão e voltou à casa dos R$ 6; os juros futuros dispararam em vencimentos curtos e longos; e, na bolsa, o Ibovespa caiu aos 126 mil pontos.

O movimento foi totalmente derivado da percepção de risco fiscal, que voltou a sofrer deterioração. Além disso, as questões políticas seguiram no radar, enquanto os agentes monitoraram com lupa as condições de saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Se, na quarta-feira, parte do alívio relevante nos preços dos ativos veio na esteira de um aumento das chances de Lula não concorrer à reeleição em 2026, ontem o mercado enfrentou uma revisão desse cenário.

 

A esse quadro se soma, ainda, a crise de confiança crescente em torno da condução da política fiscal. Não à toa, os juros reais de longo prazo, medidos pelas NTN-Bs (indexadas à inflação), também subiram com força na sessão de ontem. De acordo com dados da Anbima, a taxa da NTN-B para agosto de 2060 subiu de 6,732% para 6,815% e, assim, voltou a se aproximar da máxima do ano.

“É claro que a reação dos preços do mercado vai gerar críticas, mas não é uma decisão do Copom que vai colocar o dólar de volta em R$ 5,50… Desde maio, não houve uma deterioração nos preços provocada pelo BC e não é de se esperar que as medidas que o Copom tome resolvam sozinhas os problemas do mercado”, afirma o chefe de multimercados do ASA, Filippe Santa Fé, para quem a decisão de contratar um aumento da Selic a pelo menos 14,25% foi “excelente”.

Para Santa Fé, caso o Copom hesitasse em fazer sua parte e deixasse de reforçar o compromisso de levar a inflação de volta à meta, uma deterioração adicional nos preços estaria contratada e o dólar poderia caminhar em direção a R$ 7.

A volatilidade foi um elemento principal do pregão de ontem. Os juros curtos ensaiaram um movimento de disparada tão intenso que se aproximaram dos limites diários de oscilação, enquanto os longos abandonaram a queda do início do dia e subiram com força.