Segundo o governo, as medidas levariam a uma economia de R$ 71,9 bilhões nos próximos dois — valor contestado pelo mercado, que espera uma contenção de cerca de R$ 40 bilhões. Em reação, o Ibovespa (IBOV) perdeu mais de 3 mil pontos e o dólar superou o nível de R$ 6 ontem.
No fechamento, o principal índice da B3 caiu 2,40%, aos 124.610,41 pontos — a maior perda desde 2 de janeiro de 2023. Já o dólar à vista (USBRL) terminou a sessão a R$ 5,9895 (+1,29%) — e renovou a máxima nominal histórica desde a criação do real pela segunda sessão consecutiva.
Segundo a gerente de research e chefe de conteúdo da Nomad, Paula Zogbi, o motivo do estresse é a diminuição da credibilidade do pacote fiscal, já que a mudança na faixa de isenção do Imposto de Renda para pessoas que ganham até R$ 5 mil caminha no sentido de diminuição da arrecadação.
Zogbi diz que essa lógica tende a limitar o efeito dos cortes anunciados e pode gerar inflação pela maior circulação de dinheiro na economia real.
Além disso, restam dúvidas se a compensação pela tributação de pessoas com renda acima de R$ 50 mil por mês de fato será suficiente para compensar essa renúncia.
Há quem diga, no entanto, que a reação às medidas de corte de gastos foi exagerada e, com isso, o mercado pode se ajustar nos próximos dias. Esse é o caso do diretor de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt.