Veículo: Monitor Mercantil
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Data: 21/11/2024

Editoria: L-Founders
Assuntos:

Mobly (MBLY3): resultado do 3T24, Tok Stok e posicionamentos

Conversamos sobre o resultado do 3T24 da Mobly com Marcelo Rodrigues Marques, cofundador, CFO e DRI da companhia.

Como a Mobly avalia o seu resultado do 3T24?

Nós ficamos muito satisfeitos com o resultado do 3T24, até porque ainda estávamos na espera do fechamento da negociação da Tok Stok, sendo que essa indecisão de se vai fechar ou não faz com que você continue com alguns custos e não olhe da melhor forma para a operação. Apesar disso, nós fizemos no 3T24 um movimento muito grande de melhoria de lucratividade e de margem, que chegou a 44,2%, e de crescimento da receita, 22%, em relação ao ano passado. Agora eu posso dizer que voltamos ao caminho do crescimento sustentável.

Como a Mobly entende os seus números?

Esse é um mercado que possui uma competição acirrada, mas existem estratégias para que se possa vencer. Para isso, é preciso de escala. É a escala que vence obstáculos como a informalidade e o preço no chão. Com ela, você consegue entregar qualidade, compliance com as leis, preço e, além disso, design. Junto com a Tok Stok e com esse mindset, a tendência é que os números combinados das duas empresas sejam dispositivos geradores de caixa desde o momento 1.

Como está a integração da Tok Stok?

Nós fizemos muito pouco trabalho prévio ao closing por causa do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). É claro que conversas gerais de entendimento, algo que é permitido pelos advogados, sempre aconteceram.

Depois do closing da operação, nós já conversamos com as lideranças, estabelecemos as linhas de comando e mostramos como vai ser a organização nessa nova etapa. Nós estamos nos 100 primeiros dias, onde precisamos correr e fazer acontecer. O processo já está a todo vapor e a liderança Tok Stok já abraçou a causa. Nós sabemos que ainda há muito medo e que foi espalhado muito ódio, mas aos poucos vamos conquistando o nosso espaço e fazendo o nosso trabalho.

Como a Mobly e a Tok Stok serão posicionadas a partir de agora?

Serão muito poucas diferenças. Por detrás, o nosso objetivo é fazer com que as duas empresas trabalhem com uma eficiência de classe mundial, usando tecnologia, processos e inteligência logística. Nós vamos usar a tecnologia para virarmos, efetivamente, uma empresa tech, não no sentido de vender tecnologia, mas de substituir processos antigos e obsoletos. O nosso objetivo é fazer com que a tecnologia permeie a companhia para que possamos ganhar eficiência e escala.

Pela frente, o consumidor não vai ver diferença. A Tok Stok vai continuar com um posicionamento voltado para a classe mais alta, enquanto a Mobly vai continuar com um posicionamento voltado para a classe média, pegando um pouco da classe média alta e da classe média baixa.

O grande ponto é que a Tok Stok faz muito bem a construção de marca, design, coleções e curadoria de produtos. A Mobly, por sua vez, faz muito bem o marketing digital, o uso da tecnologia, a logística e a eficiência. Assim, nós esperamos que a experiência Tok Stok seja incrementada com mais tecnologia, um sortimento mais inteligente e eficiência. Eventualmente, você vai ver alguns produtos de ataque não com preços baixos, mas com preços competitivos dada a qualidade. Na Mobly, nós queremos incorporar um pouco da áurea de design, já que ter uma casa bonita é um sonho que independe de classe social. Nós queremos transformar a Mobly na Tok Stok da classe média para que esse público possa ter acesso a esse design.

Como a Mobly avalia a competição no seu mercado e no mercado da Tok Stok?

Vamos separar as competições. Por exemplo, há uma grande competição para que se possa vender uma cadeira barata. Nesse caso, existem obstáculos como a informalidade e a dificuldade para se mensurar a qualidade. Quando uma pessoa analisa um Iphone e um Xiaomi, ela rapidamente percebe a diferença de qualidade, mas quando falamos da cadeira A ou da cadeira B, as pessoas não têm esse conhecimento.

Existe a competição pelo preço, pelo mais barato, mas também existe a questão da confiança no design, na qualidade, na entrega e no pós-venda, além da eficiência para que se possa entregar tudo isso com um preço muito competitivo.

Nós não precisamos ser os mais baratos, mas precisamos estar na mesma redondeza de preço e com uma oferta completa muito superior. Fazendo isso, nós conseguimos conviver. Se não for assim, todo mundo vai ficar cortando o pescoço e ninguém vai ganhar dinheiro.

Como os minoritários da Mobly reagiram à conclusão da negociação?

Eles ficaram muito felizes. Nós negociamos por muito tempo e envolvemos todos os nossos minoritários, sendo que todos foram a favor da operação.

Como a Mobly está vendo o cenário macroeconômico para 2025?

Tudo indica que os juros vão continuar subindo e que o dólar tende a não baixar, o que gera uma grande pressão sobre o crédito. Isso faz com que o cenário não seja muito positivo. Ao mesmo tempo, o governo sabe que não tem muito tempo. Ou ele vira o jogo da economia em 2025 e convence, ou não vai ser reeleito, ainda mais agora com essa onda de direita. Se o governo fizer um trabalho de corte de gastos e o fiscal ficar melhor, talvez ele consiga equilibrar a inflação e o custo de capital, o que geraria um efeito mediano.

No nosso mercado, especificamente, como ele teve uma ressaca muito grande no pós pandemia, nós estamos percebendo que as pessoas estão voltando a comprar. Como voltamos a ser uma novidade por causa da operação com a Tok Stok, isso vai nos permitir crescer.

Como a Mobly avalia as suas perspectivas para o restante de 2024?

Nós estamos muito positivos. Como disse, a melhora de margem e o crescimento foram surpreendentes. Nós estamos muito felizes sobre o que atingimos em algumas categorias e temos pela frente um trabalho muito grande de racionalização de custos. Eu acredito que vamos ter um bom trimestre.