O dólar à vista subia frente ao real nesta quinta, com os investidores reagindo à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), enquanto continuavam na espera do anúncio de medidas de contenção de gastos pelo governo.
Nesse cenário, o mercado digere a decisão do Copom de elevar a Selic em 0,50 ponto percentual — avançando a taxa básica de juros para o patamar de 11,25% ao ano.
O Banco Central reforçou o impacto da política fiscal na trajetória da monetária. “A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal tem afetado, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco e a taxa de câmbio”, afirmaram os dirigentes no comunicado.
5 assuntos para saber ao investir no Ibovespa nesta quinta (7)
Ontem eleição de Trump, hoje a decisão do Fomc
O mercado internacional deve seguir a onda de otimismo da vitória de Donald Trump na corrida eleitoral americana, mas agora com um elemento extra: Federal Reserve.
A expectativa é de que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) corte os juros em 0,25 ponto percentual, levando a taxa para o intervalo entre 4,50% e 4,75%. Os últimos números da economia americana mostram um arrefecimento do mercado de trabalho e estabilidade na inflação.
Embora o mercado projete mais cinco cortes de 25 pontos-base até o final de 2025, o rendimento dos títulos de 10 anos subiu de 3,62% para 4,38% desde meados de setembro.
Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, aponta que, com Trump na presidência, é provável que esse ciclo de flexibilização monetária seja mais breve do que inicialmente esperado.
Ontem, a vitória de Donald Trump teve um impacto marcante nos mercados nesta quarta-feira. As ações subiram amplamente em todos os setores, com o índice Dow Jones Industrial Average, que reúne as blue chips, registrando um aumento de mais de 1.500 pontos, ou 3,6%.
Esse foi o maior ganho pós-eleitoral para o Dow desde novembro de 1896. Essa reação reflete uma verdadeira comemoração dos investidores, que veem na nova presidência do republicano uma oportunidade de estímulo ao mundo corporativo por meio de cortes de impostos e desregulamentação, fatores que tendem a impulsionar a atividade econômica.
Petrobras (PETR4): mercado espera por “forte resultado”
A Petrobras (PETR4) divulgará seus resultados esta noite, atraindo grande atenção do mercado devido ao peso que a empresa exerce no índice e seu papel central na economia. O analista Matheus Spiess aponta que sua expectativa é de que os números possam superar as projeções de consenso.
“Até o momento, a temporada de resultados tem sido positiva, com destaque para o Itaú, que apresentou os resultados do terceiro trimestre esta semana, em linha com as elevadas expectativas do mercado”, diz. “Curiosamente, completa-se um ano desde que recomendei as ações do Itaú neste espaço, período em que elas acumularam uma valorização de aproximadamente 25%”.
A pergunta que fica é: ainda há espaço para mais crescimento? O analista acredita que sim, visando que os resultados recentes reforçam essa visão.
O Itaú (ITUB4) registrou um lucro líquido ajustado de R$ 10,7 bilhões, representando um crescimento de 6% em relação ao trimestre anterior e de 19% em relação ao ano anterior — números impressionantes para o maior banco da América Latina. O retorno sobre patrimônio líquido (ROE) atingiu 22,7%, com um aumento sequencial de 0,3 pontos percentuais e anual de 1,9 pontos percentuais.
Mesmo após quase três anos de desempenho superior ao dos demais grandes bancos, o Itaú continua a desafiar as expectativas de uma estabilização dos resultados. Esse desempenho foi sustentado em grande parte pela expansão da carteira de crédito, que avançou 2% no trimestre e 8% no ano, totalizando R$ 1,3 trilhão, descontadas as variações cambiais.
“De maneira geral, este foi mais um sólido resultado para o Itaú, que continua a superar seus pares, e esperamos que essa trajetória se mantenha, especialmente em um cenário de Selic alta”, finaliza.