Outras empresas preferem apostar nas lojas de proximidade. Ainda há aqueles que acreditam que o e-commerce é o melhor caminho e há quem prefira focar na classe A, devido às margens maiores.
O Grupo Carrefour Brasilconcorda com todas as teses – ao mesmo tempo. Não à toa, o foco da maior varejista do Brasil é o de se consolidar como o maior ecossistema do setor no País.
Stephane Maquaire, o CEO do Grupo Carrefour Brasil, diz que esse é o melhor caminho para a empresa seguir crescendo no Brasil.
“Nosso compromisso é atender o cliente onde ele quiser, da forma que quiser. O cliente evolui e nós evoluímos juntos, e acreditamos que o futuro do varejo está na integração de formatos e canais, oferecendo a conveniência que o consumidor moderno espera,” disse.
Atualmente, o grupo possui mais de 1 mil pontos de venda com as bandeiras do Carrefour (que contempla hipermercados, lojas de bairro, de conveniência, drogarias e postos de gasolina), do atacarejo Atacadão e do clube de compras Sam’s Club, além de marcas regionais. E o ecossistema tem mais dois negócios: Banco Carrefour e Carrefour Property, a sua divisão imobiliária.
Segundo o COO Pablo Lorenzo, entre os países em que o grupo francês atua, o Brasil é o que tem a maior diversidade de renda entre o topo e a base da pirâmide. Por isso, uma empresa de varejo tem que estar muito preparada para conseguir atender a todos.
“Temos que pensar na diversidade de clientes que existem no Brasil. Por isso que um ecossistema faz tanto sentido,” disse Lorenzo.
O COO afirma que o ecossistema resulta em uma maior eficiência e rentabilidade para o Grupo Carrefour Brasil.
No primeiro trimestre de 2024, a companhia observou o progresso nas iniciativas de otimização da rede de lojas e a maturação acelerada das unidades convertidas, além da aproximação da meta de sinergias de R$ 2 bilhões por ano com a aquisição do Grupo BIG.
Mas o ecossistema não ajuda apenas nas métricas financeiras: segundo o executivo, o Grupo Carrefour Brasil consegue atender o cliente quando e como ele quer ser atendido.
“O consumidor mudou. Ele quer fazer compras em lugares diferentes e em momentos diferentes,” disse o executivo. “Eles compram em quatro a cinco canais diferentes.”
É o que confirma uma pesquisa da Dunnhumby, empresa global de consultoria em varejo e que analisa o comportamento dos clientes. O estudo aponta que os brasileiros estão visitando mais lojas, com uma média de 9,5 locais diferentes por mês. Os supermercados lideram essas visitas, representando 84% das preferências, seguidos pelos hipermercados (61%) e mercearias ou minimercados (57%).
A estratégia do Grupo Carrefour Brasil consiste, segundo Lorenzo, em fazer com que todas essas compras sejam feitas dentro do ecossistema da varejista. Mas como fazer isso? Dando benefícios e trazendo facilidades, como cartões de crédito próprios que geram descontos em todas as bandeiras do grupo, por exemplo – e emitidos pelo Banco Carrefour.
Os cartões de crédito do Carrefour, do Sam’s Club e do Atacadão dão benefícios em todas as lojas. Então, o cliente pode aproveitá-las com apenas um cartão. É uma ótima maneira de ganhar fidelidade”, analisa.
Essa busca por fidelização traz resultado: de acordo com Pablo Lorenzo, um consumidor que frequenta as três bandeiras do Grupo Carrefour Brasil compra 80% mais do que um que frequenta apenas uma delas. Já aquele que frequenta dois formatos, gasta 60% a mais.
Juntos, esses cartões trouxeram um faturamento de R$ 16,5 bilhões para o grupo no segundo trimestre de 2024, e um acréscimo de R$ 121 milhões no bottom line.
O e-commerce é outro formato que Lorenzo enxerga ganhando ainda mais tração – mesmo que com uma velocidade menor do que vista nos últimos anos.
No segundo trimestre, o GMV das vendas online aumentou 41% em relação ao mesmo período do ano anterior e chegou a R$ 2,9 bilhões – representando quase 10% do faturamento do grupo.
Mas a oportunidade maior, comenta o executivo, está no omnichannel – uma espécie de chave-mestra para todo o varejo. “A integração das compras físicas e digitais é a estratégia mais rentável,” disse.
Outra aposta do Grupo tem sido em sua divisão imobiliária, o Carrefour Property. Além de trazer ganhos de eficiência para as lojas, a empresa vem criando projetos ousados.
O mais recente é a transformação do terreno de 5 mil m² em que o Carrefour abriu o seu primeiro hipermercado há quase cinco décadas em São Paulo num complexo multiuso com shopping, Paseo Alto das Nações, e três torres – uma das quais será a mais alta de São Paulo, com 219 metros de altura.
Resultado: a empresa deve ter ganhos com toda a gestão imobiliária do local e, de quebra, ampliar o fluxo de clientes para o seu hipermercado instalado ali.
“Há diversos planos voltados para o desenvolvimento imobiliário, como o de implementar novas lojas-combo, com duas de nossas bandeiras operando em um mesmo local. Isso contribui para a melhoria da venda por metro quadrado, uma métrica muito importante para nós,” disse Lorenzo.
Em julho, o Grupo Carrefour Brasil atualizou as projeções de aberturas para o ano de 2024, com a inauguração de 20 lojas do Atacadão (sendo todas conversões de hipermercados ou supermercados de outras bandeiras) e também algo entre sete e nove novas unidades do Sam’s Club.
“Apesar de já sermos uma empresa para todos os brasileiros e estarmos em todas as regiões do Brasil, vemos muito espaço para crescimento,” disse Maquaire, o CEO do Grupo.
Para assegurar que o crescimento siga ocorrendo de forma sustentável e reforçar a solidez do ecossistema de negócios, a empresa conta com uma estratégia robusta de ESG, baseada em três pilares: combate à fome e às desigualdades, inclusão e diversidade e proteção ao planeta e à biodiversidade.
“É uma estratégia que não fica contida em uma área específica – ela se faz presente em todas as frentes de atuação da companhia,” disse Maquaire.
“É isso que nos permite atuar em harmonia com os contextos e ambientes em que estamos inseridos, reduzindo riscos e atendendo às expectativas de um consumidor que, cada vez mais, cobra responsabilidade das marcas com quem se relaciona.”