Os anúncios de estímulos monetários, creditícios e fiscais à economia chinesa se mantiveram no foco dos participantes do mercado e deram sustentação a uma disparada das bolsas no país. O índice Xangai Composto, da Bolsa de Xangai, subiu expressivos 8,06%, em um movimento de valorização que também se refletiu nos preços do minério de ferro, em sinais positivos para a bolsa brasileira neste início de semana.
As expectativas de estímulos ainda mais vigorosos pela frente, sobretudo para o setor imobiliário, ganharam força nesta segunda-feira, após alguns indicadores reforçarem a perda de fôlego da economia chinesa. O índice de gerentes de compras (PMI) industrial oficial da China se manteve em território contracionista em setembro (49,8 pontos), embora tenha ficado um pouco acima das expectativas (49,3). Na leitura da Caixin, o PMI industrial caiu de 50,4 para 49,3 e, assim, entrou em território contracionista, em um sinal de fraqueza da atividade manufatureira em solo chinês.
“Os dados do PMI chinês foram mistos hoje, enquanto o mercado de ações continuou a se recuperar fortemente, na esperança de que as autoridades anunciem em breve grandes medidas de estímulos”, observou o conselheiro econômico chefe da Allianz, Mohamed El-Erian, em seu perfil nas redes sociais nesta manhã. Vale notar que o movimento nas bolsas chinesas guarda relação, ainda, com a parte técnica, já que, no país, os mercados estavam com “valuations” muito descontados diante da fraqueza macroeconômica e algum afastamento de investidores globais.
Além disso, de acordo com a agência de notícias “Bloomberg”, autoridades de algumas importantes cidades na China reduziram exigências para a compra de moradias, o que deu apoio, em particular, aos preços do minério de ferro.
Na avaliação de Dan Kawa, sócio da We Capital, ainda é cedo para o mercado ter certeza de que as medidas anunciadas pelo governo chinês serão suficientes para alterar o cenário estrutural do país, “mas certamente elevam bastante a probabilidade de uma recuperação conjuntural da economia”. Nesse contexto, Kawa aponta que a continuidade do movimento positivo dos ativos locais “não me surpreenderia”.
Ainda nesta segunda-feira, alguns outros pontos podem ser relevantes no comportamento dos ativos brasileiros, como as atualizações das expectativas de mercado no Boletim Focus e a participação do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, em evento durante a tarde. No entanto, os fatores de incerteza locais, sobretudo devido à dinâmica fiscal, também seguem no foco dos participantes do mercado e podem influenciar o comportamento dos ativos, sobretudo nos mercados de câmbio e de juros, com a divulgação dos dados de agosto do resultado primário do setor público consolidado, além da percepção de risco doméstica.
A adoção da bandeira vermelha 2 pela Aneel para outubro também pode ter algum impacto na curva de juros, nos vértices mais curtos, na medida em que os agentes embutem prêmios na curva enquanto apostam em uma inflação “implícita” mais elevada no curto prazo. O movimento, porém, pode ser limitado, já que alguns agentes já projetavam essa bandeira e, na sexta-feira, toda a curva de inflação se deslocou para cima, com a “implícita” extraída da NTN-B para maio de 2025 em 5,94%, com uma alta de 0,23 ponto em relação à sessão anterior.