O mercado de ações da China encerrou a semana com o melhor desempenho semanal desde 2008 em meio ao otimismo dos investidores com os estímulos econômicos do governo chinês. No acumulado da semana, o índice CSI 300 que reúne as principais empresas chinesas apresentou uma valorização de 16% dos últimos 16 anos. Já na madrugada de sexta-feira (27), a bolsa encerrou com uma alta de 4,47%.O movimento de recuperação é desencadeada pela repercussão do pacote de medidas anunciado pelo Banco do Povo da China, Pan Gongsheng, na última terça-feira (24). Entre as principais medidas, estão estão a redução da taxa de empréstimos hipotecários já existentes e a diminuição da taxa mínima de entrada para segundas residência para 15%.
Além disso, o principal órgão do Partido Comunista, o Poliburo, convocou uma reunião nesta quinta-feira (26) para discutir outros estímulos econômicos com medidas de apoio fiscal e monetário ainda mais agressivos. As medidas visam garantir uma recuperaração econômica da China, que sofrem com os efeitos da crise imobiliária, e mostram um compromisso do governo em atingir a meta de crescimento do país de 5% para 2024.
Segundo Marcelo Cabral, sócio e gestor da Stratton Capital, os estímulos trouxeram uma expectativa para os investidores de uma recuperação econômica que ainda sofre com os efeitos de uma crise imobiliária. A dúvida é saber se o otimismo é sustentável ao passo de oferecer uma oportunidade de investimento ou se trata de um voo galinha.
“Eu vejo que trata-se de um voo de galinha porque a China tem sido um desastre econômico nos últimos anos. A economia está desacelerando. Há problemas no mercado imobiliários e possuem problemas de falta de demanda”, afirma Cabral. A ascensão da Índia que promete ser a nova fábrica do mundo também adicionou uma nova barreira para o crescimento da economia chinesa.
Dado a esse cenário, o especialista ressalta que as medidas econômicas não devem resolver os problemas estruturais da China. “O plano econômico é mais do mesmo e estimula o preço das ações por meio da oferta de crédito subsidiado e concessão de empréstimos para as empresas recomprarem os seus papeis. Não vejo que irá resolver os problemas da China”, ressalta Cabral.