Governo Biden tenta desacelerar onda de produtos chineses baratos com novas regras propostas em torno da isenção para importações de pequeno valor
O governo Biden está se movimentando para fechar uma brecha comercial usada por plataformas como Temu, Shein e AliExpress para inundar os Estados Unidos com produtos baratos chineses.
Os grupos de comércio eletrônico fundados na China turbinaram seu crescimento enviando pacotes baratos diretamente para os consumidores americanos por via aérea e reivindicando o que é conhecido como isenção “de minimis”, para evitar o pagamento de tarifas de importação sobre as remessas.
Mas nesta sexta-feira (13) a Casa Branca propôs novas regras que excluiriam uma ampla variedade de produtos de reivindicar as isenções, que se estendem a remessas de menos de US$ 800 em valor. As regras propostas também tornarão mais complexa a reivindicação do status de isenção de impostos (“duty free”).
Os EUA disseram que o número de remessas que entram no país por meio da regra “de minimis” passou de cerca de 140 milhões uma década atrás, para mais de 1 bilhão por ano hoje. Autoridades disseram que o grande número de encomendas tornou mais difícil bloquear remessas de produtos defeituosos e drogas ilegais como o fentanil.
As regras propostas pelo governo Biden, que passarão por um período de comentários públicos antes de serem finalizadas, ameaçam o modelo de negócios que os grupos chineses têm usado para minar e ganhar participação de mercado da varejista on-line Amazon.
Os vendedores da Amazon normalmente enviam seus produtos a granel para os armazéns da companhia, o que os força a pagar impostos de importação que ficaram mais caros durante o governo Trump, quando uma grande parte das importações chinesas foi atingida por tarifas mais altas.
As novas regras dos EUA visam garantir que os produtos enviados diretamente ao consumidor não conseguirão evitar os impostos mais altos que a Casa Branca disse que cobrem 40% das importações da China, incluindo 70% dos produtos têxteis.
Os impostos mais altos sobre roupas serão um desafio particular para o grupo de moda rápida Shein, que pretende listar suas ações na Bolsa de Valores de Londres. A companhia fundada em Nanquim ainda não recebeu a permissão das autoridades chinesas para vender ações no mercado internacional.
Os recibos de depósito da PDD Holdings (a controladora da Temu) negociados nos EUA chegaram a cair cerca de 2% na manhã desta sexta-feira em Wall Street, enquanto os da Alibaba, controladora da AliExpress, caíram cerca de 1,3%. Os grupos começaram a enviar e armazenar mais de seus produtos localmente, prevendo que Washington iria fechar essa brecha.
Kim Glass, a chefe do National Council on Textile Organisations, uma associação setorial, aplaudiu o anúncio do governo Biden e disse que as regras existentes “recompensam as plataformas de e-commerce chinesas e os trapaceiros com um acordo de livre comércio”.
A decisão dos EUA acompanha preocupações parecidas na União Europeia, onde Bruxelas está examinando as isenções de impostos em meio a uma invasão semelhante de encomendas chinesas.
A Temu disse que seu “crescimento não depende da política de minimis” e que está analisando as regras propostas, enquanto a Shein disse que “estamos ansiosos para trabalhar com todas as partes interessadas na reforma”. A Alibaba não respondeu imediatamente a um pedido para comentar.
“Os trabalhadores e empresas americanos podem superar qualquer um em igualdade de condições, mas por muito tempo as plataformas de e-commerce chinesas contornaram as tarifas abusando da isenção de minimis”, disse a secretária do Comércio dos EUA, Gina Raimondo. (Tradução de Mario Zamarian)