Veículo: Valor Econômico
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Data: 18/09/2024

Editoria: Shopping Pátio Higienópolis
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Gestor de carteira supostamente avaliada em US$ 11,5 trilhões é proibido de atuar por regulador dos EUA

A Comissão de Valores Mobiliárias dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês) proibiu formalmente Ruben Williams de se associar a qualquer consultor, corretor ou outras entidades registradas no segmento de valores mobiliários nos Estados Unidos. O ex-consultor financeiro alegava administrar quase US$ 11,5 trilhões em ativos.

A SEC foi vitoriosa num julgamento contra o ex-consultor no mês passado em um tribunal federal, que incluiu uma multa civil de mais de US$ 33 mil. Inicialmente, ela havia apresentado acusações contra Williams no ano passado, citando exageros gritantes no arquivamento regulatório do “Formulário ADV” de sua empresa, o documento que os consultores enviam à comissão a cada ano detalhando aspectos de sua prática, como taxas, serviços prestados e composição de clientes.

A extinta Vista Financial Advisors relatou em 2022 que tinha US$ 10 bilhões em ativos sob gestão. A SEC diz que contactou a empresa pedindo a verificação de sua contagem de ativos, o que a colocaria entre as empresas de consultoria de investimentos registradas de elite, mas não recebeu nenhuma evidência para corroborar esse número.

A SEC questionou se a Vista tinha algum ativo mensurável sob gestão e disse que pediu repetidamente à Vista e a Williams para corroborar ou corrigir seus ativos sob gestão (AUM, na sigla em inglês) relatados.

A empresa aparentemente foi na outra direção, relatando US$ 11,49 trilhões em AUM em seu ADV de 2023, um número absurdamente alto que ofusca os volumes de ativos das maiores corretoras de Wall Street e representaria cerca de 9% do total de ativos no setor de consultores de investimentos registrados.

Williams não pôde ser contatado imediatamente para comentar. Uma mensagem de voz deixada com um número listado nos registros regulatórios da Vista não foi retornada imediatamente. Documentos judiciais não indicam que Williams contratou um advogado de defesa em seu caso civil.

O incidente é outro lembrete — embora dramático — de que os reguladores responsabilizarão os autores dos registros pela veracidade das informações contidas nos registros regulatórios. As empresas podem esperar que os examinadores analisem atentamente seu ADV e outros materiais que descrevem a prática, como o documento de resumo do relacionamento com o cliente, conhecido como “Formulário CRS”, para garantir que o que está no papel corresponda à realidade no local.

A contagem de ativos é um dos dados de rotina que as empresas podem esperar ser chamadas a comprovar e, no caso da Vista, não foi por pouco. Williams consentiu com o julgamento do tribunal contra ele em agosto e com a proibição da SEC neste mês sem admitir ou negar má conduta, embora o ADV da Vista de abril de 2023 afirme textualmente que a empresa administrou US$ 11,49 trilhões em ativos mantidos por 32 clientes de alto patrimônio líquido.

Isso equivale a mais de US$ 359 bilhões por cliente, o que significa que o investidor médio da Vista tinha cerca de US$ 126 bilhões a mais em patrimônio líquido do que a família de Bernard Arnault, o chefe do conglomerado de moda e cosméticos LVMH, que liderou a lista de 2024 da Forbes das pessoas mais ricas do mundo.