Com a perspectiva de que a Selic volte a subir, a renda fixa continua soberana na carteira dos investidores, inclusive dos mais ricos. No entanto, com o bom desempenho da bolsa em agosto, as ações também ganharam espaço no portfólio dos endinheirados, segundo o levantamento mensal da Smartbrain. A lista dos papéis favoritos, no entanto, segue majoritariamente conservadora.
A pesquisa da Smartbrain é feita com base na plataforma da empresa, que processa diariamente mais de 340 mil extratos de investimentos, somando mais de R$ 250 bilhões de patrimônio analisados. O estudo observa a carteira de investidores dos segmentos de varejo (que têm entre R$ 50 mil e R$ 300 mil e são 29,09% do total); de alta renda (que têm entre R$ 300 mil e R$ 3 milhões e são 38,76% do total); private (que têm entre R$ 3 milhões e R$ 50 milhões e são 28,77% do total) e ultra high (que têm acima de R$ 50 milhões e são 3,38% do total).
Com a perspectiva de que a Selic volte a subir na próxima reunião do Copom, a renda fixa segue sendo a principal classe no portfólio desse público. Isso porque muitos desses investimentos têm seus rendimentos atrelados à taxa básica de juros. Portanto, se ela fica em patamares elevados, a atratividade deles aumenta. Não à toa, esses ativos representam 41,78% do portfólio dos mais ricos.
Essa porcentagem, no entanto, caiu na passagem de julho para agosto. Isso porque o bom desempenho da bolsa no mês passado animou os endinheirados a se arriscarem um pouco mais. Com isso, a porcentagem alocada em ações saiu de 9,81% para 10,64% na passagem de julho para agosto. E o apetite a risco não ficou por aí. A categoria “outros”, que engloba, por exemplo, as criptomoedas, saiu de 1,90% para 4,04%.
A alocação em fundos multimercados também aumentou, ainda que de maneira mais tímida. Eles eram 34,49% em julho e passaram a 34,55% em agosto. Além deles, outra classe que também ficou na maior na carteira dos mais ricos foi a previdência, que saiu de 6,84% para 7,08%.
Por outro lado, a renda fixa não foi a única que perdeu espaço de julho para agosto. Os fundos imobiliários eram 2,02% da carteira dos ricos em julho e, em agosto, passaram a ser 1,90%.
As ações preferidas
Ainda que os ricos tenham se mostrado mais abertos ao risco em agosto, a lista de ações favoritas segue majoritariamente conservadora. Prova disso é que dos dez papéis favoritos em agosto, mais da metade são de segmentos considerados mais seguros, como exportadoras de commodities, bancos e prestadoras de serviços (também chamadas de “utilities”).
Do segmento financeiro, Itaú e Banco do Brasil continuam na lista. Essas ações são consideradas mais seguras por diferentes razões. A primeira delas é porque tratam-se de companhias consolidadas no mercado e com resultados mais perenes. Além disso, elas estão em um setor que tende a se sair bem independentemente do contexto macroeconômico do país. Assim, elas tendem a oscilar menos. Isso significa que os ganhos ficam um pouco mais limitados em cenários mais favoráveis, mas, por outro lado, em cenários mais nebulosos (como o atual) elas ficam mais protegidas.
Das exportadoras de commodities, seguiram na seleção a Prio e a Vale, que ganharam a companhia da Suzano. Como essas empresas se expõem a outros mercados, elas ficam menos suscetíveis a crises internas e, com isso, ajudam os investidores a mitigarem seus riscos.
Outro setor considerado mais defensivo é o das prestadoras de serviços, também chamadas de “utilities”. Como essas empresas prestam serviços considerados primordiais à população, elas têm uma demanda quase “perene”, o que faz com que elas sejam menos afetadas em períodos de crise. A representante desse segmento na lista das ações favoritas dos mais ricos é a Eletrobras, que continuou na seleção na passagem de julho para agosto.
Por fim, quem completa a lista das ações preferidas dos mais ricos são a companhia de aluguel de veículos Localiza, a construtora Cyrela e a Azzas (companhia criada a partir da fusão entre a Arezzo e o Grupo Soma). Essas companhias, por estarem mais ligadas à economia doméstica, são o que traz um pouco mais de risco para o portfólio dos endinheirados.