Em um contexto de câmbio pressionado, expectativas de inflação desancoradas e revisão do hiato do produto, o Banco Central deve apertar adicionalmente a política monetária, em um ciclo que, a princípio, não deve ser tão grande e totalizar 1,5 ponto percentual de alta. A avaliação é dos economistas do Itaú Unibanco, que, em revisão de cenário divulgada nesta quinta-feira, passaram a projetar uma alta de 0,25 ponto da Selic na próxima semana, com uma taxa que encerra o ano em 11,75% e que chega a 12% em janeiro.
Na avaliação da equipe liderada pelo ex-diretor do BC Mario Mesquita, a reunião de política monetária da próxima semana ocorrerá após “semanas de intensa volatilidade e com fundamentos que justificam o início de um ciclo de alta de juros”.
Ao simular o modelo usado pelo BC, com o câmbio em 5,60 reais por dólar e a deterioração das expectativas de inflação observada desde o encontro de julho, o Itaú encontra uma projeção de inflação de 3,4%.
o que justificaria um aumento da Selic para pelo menos 12%. Para o fim do próximo ano, a expectativa do banco é de que a Selic caia para 11%.
Nesse contexto, apesar do prêmio de risco ainda elevado no câmbio e da deterioração vista nas contas externas na primeira metade do ano, o Itaú cortou a projeção para o dólar no fim deste ano de R$ 5,50 para R$ 5,40 e reduziu a estimativa para a moeda americana de R$ 5,50 para R$ 5,20 no fim de 2025, diante da perspectiva de juros mais altos no Brasil, ao mesmo tempo em que o Federal Reserve (Fed) se encaminha para começar a flexibilizar sua política monetária, o que pode incentivar o fluxo de dólares para o país.