A reorganização de governança na Ultrapar e os resultados recentes levaram o banco Santander a mudar a recomendação do papel da companhia de neutro para compra. O preço-alvo do banco é de R$ 30 – a ação subiu 3% nesta segunda-feira, cotada a R$ 23,79.
Os analistas Rodrigo Almeida, Lucas Barbosa e Eduardo Muniz consideram positiva a decisão de tornar a holding mais descentralizada, dando poder de decisão aos diretores de suas unidades de negócio, e projetam melhora no retorno aos acionistas. A avaliação é que, mesmo após subir quase 30% no ano, a ações é negociada a um desconto de 30% sobre a média dos últimos 10 anos, o que, combinado ao potencial de geração de caixa, abre espaço para montar posição.
Os analistas do Bradesco BBI, Vicente Falanga e Gustavo Sadka, também escrevem que as mudanças na estrutura de comando devem aumentar a qualidade das propostas de expansão operacional das suas empresas e pode abrir espaço para oferta de ações das unidades.
Na nova estrutura, Ipiranga, Ultragaz e Ultracargo ganham maior autonomia. O CEO de cada empresa passa a compor o conselho do grupo, a quem se reportam. O board conta ainda com dois membros independentes.
O destaque da empresa deve continuar a ser nas operações de distribuição de combustível da Ipiranga, entre outras razões, por maior combate à informalidade no setor. Outras casas de research também aproveitaram o encontro de investidores promovido pela empresa na semana passada para atualizar sua visão sobre Ultrapar.
O Citi destaca, além da rede de postos, a expansão de negócios da Ultracargo e a manutenção de alavancagem líquida em até 2 vezes o Ebitda entre os pontos principais do encontro.
Sobre seu investimento na Hidrovias do Brasil, a Ultrapar disse no evento que uma melhoria na estrutura de capital da empresa é necessária para expandir projetos, com o aumento de capital de R$ 1,5 bilhão sendo o primeiro passo para isso. A companhia também não descarta novos investimentos desse tipo.
“A Ultrapar deve fortalecer sua posição como comprador, procurando por oportunidades para aumentar exposição ao agronegócio e na redução de ineficiências dos mercados em que atuam”, afirma o J.P. Morgan, que mantém recomendação neutra – assim como XP, Bradesco BBI e BTG Pactual. O Citi recomenda compra do papel, com preço-alvo de R$ 26.