O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) mostrou queda (deflação) de 0,02% em agosto, apontam dados divulgados nesta terça-feira (10) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
É a primeira redução do índice desde junho de 2023, quando a baixa havia sido de 0,08%. Segundo o IBGE, o novo resultado foi influenciado pelas quedas dos preços da energia elétrica residencial e de alimentos.
Com os dados de agosto, o IPCA passou a registrar uma inflação (alta) menor, de 4,24%, no acumulado de 12 meses. É uma desaceleração ante a taxa de 4,5% até julho.
Para o mês de agosto, a expectativa do mercado financeiro era de leve variação positiva de 0,01%, de acordo com a mediana das projeções de analistas consultados pela agência Bloomberg.
O intervalo das previsões ia de -0,1% a 0,08%. O IPCA havia apresentado alta de 0,38% em julho.
ALÍVIO COM ENERGIA E ALIMENTOS
Dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados, 2 tiveram queda e influenciaram o resultado de agosto.
Foram os casos de habitação (-0,51%) e alimentação e bebidas (-0,44%). Os grupos contribuíram com -0,08 ponto percentual e -0,09 ponto percentual, respectivamente.
Em habitação (-0,51%), o resultado foi influenciado, principalmente, pela energia elétrica residencial. A conta de luz passou de alta de 1,93% em julho para queda de 2,77% em agosto, com o retorno da bandeira tarifária verde. Também houve reduções com reajustes tarifários em parte das áreas pesquisadas.
Em alimentação e bebidas (-0,44%), a alimentação no domicílio (-0,73%) apresentou o segundo recuo consecutivo, após queda de 1,51% em julho.
Foram observadas baixas nos preços da batata inglesa (-19,04%), do tomate (-16,89%) e da cebola (-16,85%). Do lado das altas, destacam-se o mamão (17,58%), a banana-prata (11,37%) e o café moído (3,7%).
META DE INFLAÇÃO E PROJEÇÕES
O IPCA serve como referência para a meta de inflação perseguida pelo BC (Banco Central), cujo centro é de 3% em 2024. A tolerância é de 1,5 ponto percentual para menos ou para mais.
Isso significa que a meta será cumprida pela autoridade monetária se o IPCA ficar no intervalo de 1,5% (piso) a 4,5% (teto) nos 12 meses até dezembro.
Analistas do mercado financeiro projetam inflação de 4,3% para 2024, conforme a mediana da edição mais recente do boletim Focus, divulgada pelo BC na segunda (9). A estimativa subiu pela oitava semana consecutiva, mas ainda está abaixo do teto da meta (4,5%).
Parte dos economistas vê desafios à trégua da inflação com a renda aquecida no país. Os ganhos contínuos de rendimento tendem a estimular a demanda por bens e serviços. Consequentemente, podem pressionar os preços.
A crise climática também é foco de atenção para os próximos meses devido a potenciais impactos na inflação de itens como alimentos e energia.
Com o aumento das previsões para o IPCA, analistas consultados pelo boletim Focus passaram a projetar alta na taxa básica de juros pelo BC neste mês, com a Selic encerrando o ano a 11,25%. A Selic é o principal instrumento de controle da inflação no país.