O Ministério da Fazenda considera por enquanto “baixa” a probabilidade de a intensa seca que afeta o território brasileiro impactar negativamente a atividade econômica.
A pasta projeta até o momento impactos apenas “pontuais”, como dificuldades observadas na Zona Franca de Manaus (ZFM) para abastecimento de insumos e escoamento de produtos.
Esses impactos vêm sendo monitorados por técnicos “há um tempo”, mas até agora não indicaram “nada de alarmante”, segundo uma fonte da equipe econômica. De acordo com a fonte, possíveis efeitos dependerão, por exemplo, da “extensão” da seca ou “se ela impactará a produção de energia”.
“Pode existir um ou outro ponto de preocupação, como no caso da Zona Franca de Manaus”, afirma a fonte. “Mas, no geral, precisamos aguardar o desenvolvimento e monitorar.”
O clima no Ministério da Fazenda é de otimismo com as perspectivas de médio prazo para a atividade econômica. Atualmente, a pasta projeta que o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá 2,5% neste ano e 2,6% no ano que vem.
Mas o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na terça-feira que a projeção para 2024 “deve superar 2,7%, 2,8%”. A afirmação foi feita depois de o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgar que o PIB cresceu 1,4% no segundo trimestre, em comparação com os três meses anteriores e já livre de fatores sazonais.
A estimativa mediana era de alta de 0,9%, segundo as projeções colhidas pelo Valor com 80 instituições financeiras e consultorias.
Após a divulgação realizada pelo IBGE, algumas instituições revisaram para cima a sua projeção para o desempenho do PIB em 2024, como Goldman Sachs (de 2,5% para 3%), Citi (de 2% para 3%) e Barclays (de 2,7% para 2,9%).
Já Haddad afirmou inclusive que o crescimento da atividade mais forte do que o esperado poderá levar a uma reestimativa da arrecadação federal projetada no Orçamento de 2025.
A nova estimativa do Ministério da Fazenda para o desempenho do PIB em 2024 deverá ser apresentada ainda neste mês no Boletim Macrofiscal, documento que contém as projeções da pasta para algumas das principais variáveis econômicas.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou que “não há risco de falta de energia” no Brasil. A afirmação foi feita depois de pergunta sobre a queda no nível dos reservatórios de usinas hidreletrétricas.
“O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) disse que coloca as térmicas para operar [se for necessário] e que não há risco de falta de energia”, afirmou em evento na sede da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) em Brasília.