A Mobly, uma das maiores e mais populares lojas de móveis e itens de decoração, praticamente da noite para o dia anunciou a fusão com uma outra gigante do segmento após um longo período de especulação.
Estamos nos referindo a Tok&Stok, queridinha dos shoppings, que apesar de ser uma das mais consolidadas e amadas entre os consumidores, acabou tendo uma crise exposta ainda no ano de 2023, em meio à dívidas e fechamentos de lojas, como podem ver através deste link*.
De acordo com o portal CNN, o fato ocorreu no dia 8 de agosto de 2024, aonde foi assinado um acordo com os acionistas controladores da varejista por meio de troca de ações.
Pelos termos apresentados, a Mobbly deve passar a ser controladora da empresa, criando assim mais um gigante no mercado de móveis e decoração, com receita anual estimada de R$ 1,6 bilhão.
Com essa união de forças, além de salvar a Tok&Stok da ameaça do fim, a junção de forças poderão aniquilar as suas rivais mais consolidadas, como a poderosa Magalu e fazer com que a queridinha volte ao topo.
Burburinhos e fatos
Como mencionamos logo no comecinho desse texto, já haviam rumores sobre fusão das duas empresas ocorrendo por longa data e foram antecipados pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, como podem ver através desse link*.
Em nota relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Mobly afirma que a operação tem como objetivo fortalecer sua presença no mercado por meio da diversidade e complementos do portfólio de produtos e serviços, uma vez que visa combinar a sólida e reconhecida reputação de ambas as marcas, atingindo os mais diversos públicos:
“A operação permite que ambas as companhias aproveitem a expertise uma da outra para fortalecer suas respectivas propostas de valor – especificamente a tecnologia e logística da Mobly e o desenvolvimento de produtos e experiência de loja da Tok&Stok”
A Mobly ainda afirmou que identificou potenciais sinergias significativas, cujas quais tem tudo para impulsionar a geração de caixa ao longo do tempo, com potencial de aumentar gradualmente, resultando em um incremento anual adicional de R$ 80 milhões a R$ 135 milhões ao ano ao longo de um período de cinco anos.
Em questão de custos, a empresa aponta ganhos diretos em aquisições devido à verticalização, otimização de compras indiretas e utilização, além de benefícios fiscais de créditos de ambas as companhias.
A empresa cita ainda sinergias em vendas cruzadas, aprimoramento do e-commerce e ampliação do portfólio de produtos com prateleira infinita.
Rusgas no caminho …
Como mencionamos no inicio desse texto, a Tok&Stok, apesar de sólida, vem atravessando um momento delicado desde que a crise que a atingiu veio à tona no início de 2023.
Inclusive, uma das apostas para salvar a empresa, foi a volta de uma de suas fundadoras na presidência, Ghislaine Drubulle, ainda em agosto de 2023, na tentativa de fazer a empresa volta nos trilhos.
Com uma dívida atualizada em um pouco mais de R$ 350 milhões, a volta de Drubulle representou para a loja a recuperação do que eles chamam de “DNA da Tok Stok“.
Como dito acima, em tese, a fusão com a Mobly representa mais um alívio para a queridinha dos shoppings. Porém, de acordo com o portal INSIGHT do Exame, alguns fundadores não parecem nada felizes com a notícia de fusão.
Dias após o anúncio da fusão, no dia 12 de agosto de 2024, a família Dubrule, entrou com duas liminares questionando os trâmites que levaram ao acordo de fusão costurado pelo controlador da companhia, a SPX Carlyle, com a Mobly, listada em Bolsa.
Uma delas foi impetrada na forma de um pedido de cautelar junto à 2ª Vara Empresarial e Conflitos de Arbitragem do Foro Central da Comarca de São Paulo, sinalizando que a transação corre o risco de enfrentar uma longa batalha judicial.
Em documentos que o portal INSIGHT teve acesso com exclusividade, os Dubrule acusaram a SPX de “abuso de poder de controle” e chamam a operação de golpe impetrado pela gestora de private equity, que comprou uma fatia de 60% na empresa em 2012 por R$ 700 milhões.
As liminares qualificam ainda de “manobra canhestra” o pedido de recuperação extrajudicial da Tok&Stok colocado como condição precedente para a fusão.
Fora isso, foi apontado um suposto conflito de interesse entre bancos credores que aderiram ao processo de recuperação e ao mesmo tempo atuam como assessores financeiros da Tok&Stok na operação de fusão.
Fontes próximas à gestora afirmam que não veem conflito e se trata de um procedimento comum em transações como essas. Segundo eles, com a transferência do controle, os credores podem pedir vencimento antecipado da dívida e, por isso, a recuperação extrajudicial foi necessária.
Segundo um interlocutor próximo a SPX, as liminares são partes de uma manobra da família para tentar afastar o comprador e voltar o controle da Tok&Stok, a despeito da transação ter sido firmada entre a SPX, majoritária, e a Mobly, oferecendo direito de tag along à família, que tem a prerrogativa de exercê-lo ou não.
Vale destacar que esse imbróglio sobre o futuro da Tok&Stok já vem se arrastando desde 2023 com os Dubrule, cujos quais tem 40% de participação, e a SPX que está em uma verdadeira rota de conflito, uma vez que leva em consideração os melhores caminhos para a companhia que ainda tenta se reerguer:
A convocação de uma reunião de conselho para deliberar sobre a proposta já provocou um racha definitivo. O colegiado da Tok&Stok era formado por três membros: Fernando Borges, chairman e sócio da Carlyle, Regis Dubrule e um membro independente, Roberto Szachnowicz.
Ainda no dia 29 de julho, Regis e Szachnowicz pediram a Borges a convocação da reunião para o dia 31 de julho para deliberar sobre a proposta de capitalização.
Porém, o sócio da SPX não efetuou a convocação para a data pretendida e respondeu chamando uma reunião para o dia 9 de agosto com o intuito de falar sobre o futuro da empresa.
Regis e Szachnowicz fizeram a convocação para o dia 31, valendo-se da maioria dos votos do conselho. Borges foi chamado, mas não compareceu. A capitalização foi aprovada pelos dois conselheiros e poderia, na visão dos Dubrule, ser realizada a partir de então. A ata foi registrada na Junta Comercial.
A SPX, por sua vez, chamou uma assembleia no dia 5 para destituir Szachnowicz. Em seu lugar, colocou Pedro Guizzo. Na reunião do dia 9, um dia depois do anúncio da fusão de Tok&Stok com Mobly, a capitalização aprovada no dia 31 foi revogada, com voto do novo conselheiro.
Em um pedido de cautelar enviado à 2ª Vara Empresarial e Conflitos de Arbitragem do Foro Central da Comarca de São Paulo, os Dubrule pedem a anulação dos atos da assembleia do dia 5 e da reunião de conselho seguinte, do dia 9.
De acordo com fontes próximas à SPX, a reunião do dia 31 não teve nenhuma validade, já que a prerrogativa de convocação era do chairman, que o faz para data mais à frente. Tampouco houve presença de executivos da Tok&Stok, a esta altura já com um CEO de fora da família.
Segundo o interlocutor, a gestora tem a prerrogativa de ter dois assentos no conselho e os Dubrule já tinham tentado liminares para impedir as AGEs dos dias 5 e a reunião de conselho do dia 9, sem sucesso.
Processo de recuperação
Ainda de acordo com o portal Exame, o pedido de recuperação extrajudicial para alongar a dívida da companhia também é questionado.
Os advogados da família alegam que o pedido de recuperação foi feito à Justiça sem aprovação de assembleia de acionistas, o que, de acordo com a Lei das S.A.s e o estatuto da companhia, só pode ser feito em casos de urgência, ou seja, em caso de perigo iminente à saúde financeira da empresa.
O que não era o caso da Tok&Stok, cuja qual já não tinha vencimentos previstos até o próximo ano de 2025. A família alega que tudo ocorreu como uma forma de fazer com que ela não pudesse exercer a cláusula de vencimento antecipado de uma dívida de R$ 110 milhões que detém contra a companhia.
Uma carta dura
Ainda de acordo com as apurações feitas pela INSIGHT, a família fundadora da Tok&Stok, através de uma carta oficial, chama a operação de “soturna” e alega que pode entrar com medidas judiciais contra a companhia.
Diz ainda que tem a intenção de realizar a capitalização de R$ 210 milhões de qualquer maneira, seja contra a SPX ou contra a Mobly.
“Serve esta notificação, em primeiro lugar, para que V.Sas. no futuro não possam alegar, fingindo-se de terceiros de boa-fé, que não sabiam que o negócio que se pretende levar a diante não corresponderá ao controle da Tok&Stok caso o Judiciário e o Tribunal Arbitral venham a considerar ilegais as manobras da SPX, realizadas com a participação e conivência de V.Sas, oportunidade em que sequer lhes será concedido o direito de preferência, frustrado por um golpe do qual é indissociável”.
Ao que tudo indica, essa batalha judicial está apenas começando. Ao procurar declarações da Mobly diante dessa situação, as mesmas não foram encontradas, porém o espaço permanece aberto se a mesma sentir necessidade de expor seus pontos.
Importâncias das empresas:
- Tok&Stok: Empresa brasileira de móveis e decoração cuja qual ajuda seus clientes a criar os mais diversos ambientes com muito design e sofisticação. Fundada em São Paulo ainda em 1978 por Régis e Ghislaine Dubrule, em 2022 foi onsiderada a empresa de varejo mais admirada do Brasil no segmento de móveis pelo IBEVAR.
- Mobly: Fundada em 2011 por Victor Noda, Marcelo Marques e Mario Fernandes, a Mobly é uma empresa de tecnologia que atua no comércio eletrônico, referência em varejo do setor de móveis e decoração, com uma gama de aproximadamente 275 mil artigos, entre mobiliários e objetos de decoração. No ano de 2019, a companhia, que já tinha um centro de distribuição em São Paulo, inaugurou outros dois em Minas Gerais e Santa Catarina, além da sua primeira loja física, em São Paulo, e outlets em Guarulhos e Campinas.
Quantos espaços físicos tem a Mobly?
De acordo com a própria companhia, entre megastores, outlets e franquias (conhecidas como Mobly ZIP), a companhia já conta atualmente com mais de 20 espaços físicos, cada um com seu atrativo e decorações de todos os tipos:
- Mobly Megastore: São lojas-conceito, cheias de espaços inspiracionais, interatividade e tecnologia. É basicamente a experiência Mobly completa para todos os clientes, onde você pode experimentar ao vivo aqueles itens que você se apaixonou no site. Elas ainda contam com espaços instagramáveis, auto atendimento e (com essa você não esperava) salas de coworking para que você possa trazer seu notebook, seu arquiteto ou design de interiores e juntos pensem no melhor projeto para ambientes.
- Mobly Outlet: Reservados para os produtos de ponta de estoque da loja, com condições ainda mais especiais de pagamento. São espaços cheios de variedade, onde você pode não apenas olhar as peças como levar para casa no precinho.
- Mobly ZIP (franquias): Por último, mas não menos importante, as Mobly ZIP são modelos de franquia propostos pela companhia. É um cantinho perto do consumidor, onde os parceiros estão prontos atender e mostrar todos os diferenciais e condições de pagamento da Mobly.