Veículo: Medscape
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Data: 14/08/2024

Editoria: Sem categoria
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15,6% dos óbitos por câncer de mama no Brasil ocorrem antes dos 50 anos

 

Diante desse dado, o grupo recomenda uma mudança na diretriz de rastreio da doença. “Não há um consenso consolidado sobre a idade mais correta para o rastreamento. Queríamos ver se faz sentido começar esse rastreio mais precocemente”, explica Jenaine Godinho, que está na graduação em medicina na UFF e é uma das autoras. “A ideia era levantar a discussão e gerar dados que embasem políticas públicas mais eficazes.”

A maioria das mamografias é realizada conforme a diretriz do Sistema Único de Saúde (SUS). O Ministério da Saúde recomenda a mamografia de rastreio para mulheres de 50 a 69 anos a cada dois anos.

“Se iniciarmos o rastreamento somente após os 50 anos, como é preconizado pelo Instituto Nacional do Câncer, estaremos negligenciando 25% dos diagnósticos de câncer de mama no Brasil, que acontecem entre 40 e 50 anos”, afirmou a presidente da Comissão de Mastologia da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Rosemar Macedo.

A Febrasgo, a Sociedade Brasileira de Mastologia e o Colégio Brasileiro de Radiologia reconhecem o risco de erros no resultado do exame em mamas densas. No entanto, recomendam que as mamografias de rastreio comecem aos 40 anos e sejam feitas anualmente até os 74.

O câncer entre mulheres de 40 a 49 anos costuma surgir em estágios mais agressivos. Uma análise exploratória[1] dos tratamentos realizados pelo SUS entre 2010 e 2014 aponta que 68,9% das pacientes nessa faixa etária foram diagnosticadas nos estágios II e III.

Falso-positivo

A justificativa para iniciar o rastreamento com mamografia somente a partir dos 50 anos é a baixa precisão do exame em mulheres mais jovens. “A mamografia tem acurácia melhor para mamas menos densas, que têm mais gordura em relação à glândula. Conforme a mulher vai envelhecendo, o tecido glandular vai virando gordura”, explica o Dr. Amílcar Assis, mastologista do Hospital Sírio-Libanês. “Há discussões sobre se a mamografia seria o melhor exame para rastrear essas pacientes. Mas entre não rastrear e rastrear apenas com mamografia, o último é melhor.”

Avaliações aprofundadas podem incluir ultrassonografia e ressonância magnética. “Quando estamos diante de uma paciente com mama densa e história familiar de câncer de mama, temos que ser mais criteriosos. O câncer de mama herdado pode ter um comportamento de maior agressividade e, nessa população, somente a mamografia não é suficiente”, acrescentou Rosemar Macedo.

Jenaine Godinho também avalia que, diante do crescimento populacional, a proporção de casos e óbitos pela neoplasia deve seguir em tendência de alta. “Com o estudo, queríamos quantificar quem são essas pessoas que morrem de uma doença tratável. Uma vítima na faixa dos 40 a 49 anos tem um impacto social muito grande. Vale a pena acrescentar esse custo de rastrear mais cedo, considerando que o custo do tratamento é infinitamente menor”.