O setor varejista, pressionado por juros altos e demanda fraca, está debruçado em renegociações de cerca de R$ 56 bilhões em dívidas, em torno de 30% do total de crédito concedido ao setor. A restrição a novas linhas e o risco maior do segmento já se refletem, há meses, em pedidos de recuperação judicial e extrajudicial no segmento.
O cálculo, da consultoria Virtus, considerou obrigações de curto prazo – até um ano – das companhias e que podem ser alvo de reperfilamento, a depender das condições financeiras dos grupos. Foi usada a métrica de alavancagem na relação entre dívida líquida e o valor do Ebitda. A partir disso, levou-se em conta também empresas não listadas. Para não distorcer dados, o levantamento não considera os mais de R$ 43 bilhões em dívida concursal da Americanas e a renegociação da Casas Bahia, que pediu recuperação extrajudicial. Quase a metade (45%) do total de créditos das redes listadas que vêm reestruturando seus passivos vence em até um ano.
Analistas dizem que, desde a última recessão no varejo, entre 2015 e 2016, não se via, em um ano, tantos grupos de grande porte recorrendo à proteção judicial ou abrindo acordos para alongar dívidas. Desde janeiro, Dia, Polishop, Artex, M.Martan e Casa Moysés entraram com pedidos na Justiça. De 2023 para cá, pediram recuperação judicial ou extrajudicial o grupo M5 (M.Officer), Amaro e Ri Happy. Daniel Carnio, da consultoria Íntegra, diz que a economia decepcionou, mas parte das empresas tem reagido, cortando custos.