O Itaú BBA apresentou nesta quarta (3) suas ações favoritas no varejo, nas indústrias de base de papel e celulose, mineradoras e siderúrgicas, além de companhias no setor de transportes.
A equipe de analistas destaca fatores de pressão sobre o mercado brasileiro, como o real depreciado e o aumento dos preços de commodities, que tendem a privilegiar as empresas exportadoras. Mesmo assim, a casa faz recortes otimistas para alguns papéis do varejo e de transportes, cujos movimentos podem se descolar da deterioração de cenário.
Varejo
O segundo trimestre ainda deve ser de dinâmicas operacionais pressionadas para as empresas do varejo, com Guararapes, Grupo SBF, Magazine Luiza, Carrefour Brasil e Lojas Quero-Quero mostrando as melhores tendências de margens, diz o Itaú BBA.
- Os analistas liderados por Thiago Macruz escrevem que varejistas de alimentos não devem mostrar surpresas, com Assaí e Grupo Mateus mostrando resiliência de margens, GPA avançando na recuperação e Carrefour Brasil tendo o maior crescimento do setor.
- Em comércio eletrônico, Magazine Luiza se aproveitará da continuidade do foco na recuperação da rentabilidade e das lojas físicas. Já Mercado Livre deve ter desaceleração no crescimento por conta de aumento nos investimentos.
- Nas varejistas de alta renda, as margens devem ser pressionadas no geral, com Arezzo, Track & Field e Vivara sofrendo impactos dos investimentos feitos para aceleração nas vendas.
- Em outras varejistas, Guararapes e Grupo SBF devem ter crescimento consistente de margens. C&A continuará no mesmo ritmo dos últimos trimestres, com boas tendências operacionais, enquanto Lojas Renner terá crescimento mais fraco. Já a Lojas Quero-Quero terá boas margens mesmo com redução nas receitas em meio às chuvas no Rio Grande do Sul. Smart Fit deve ter desaceleração nos números na comparação anual, enquanto CVC continua sendo afetada pelas operações na Argentina.
Indústrias
As empresas do setor de papel e celulose devem ser o grande destaque na temporada de resultados do segundo trimestre entre as exportadoras de commodities, impulsionadas pelos melhores preços da celulose, diz o Itaú BBA.
- Os analistas liderados por Daniel Sasson escrevem que Suzano deve ter um crescimento de pelo menos 27% no seu Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), enquanto o da Klabin deve subir 21%, com a celulose chegando perto de US$ 700 a tonelada na China.
- As mineradoras vêm na sequência, com Vale, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e CSN Mineração apresentando resultados sequencialmente mais fortes, por conta de embarques mais robustos de minério de ferro. O Ebitda da Vale deve crescer 16%, calcula o banco, enquanto o da CSN deve crescer 22%, apoiado na alta de 34% da CSN Mineração, compensando o resultado mais fraco da unidade de siderurgia.
- A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) também deve ser destaque positivo, com o Ebitda praticamente dobrando, a R$ 320 milhões, apoiado nos preços mais altos do alumínio, melhore volumes, menores custos e dólar mais alto.
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As siderúrgicas, no entanto, ainda terão resultados fracos, com os preços do aço pressionados aqui no Brasil e na América do Norte por conta da competição com os produtos vindos da China.
- A Gerdau deve ter queda de 7% no seu Ebitda, na comparação com o primeiro trimestre, mesmo com a diversificação geográfica do seus negócios. Usiminas deve manter o resultado fraco visto nos três primeiros meses do ano.
Transporte
A depreciação do real e o aumento nos preços das commodities têm pressionado o setor de transportes, no entanto, algumas empresas permanecem no radar dos investidores, comenta o Itaú BBA.
- De acordo com analistas do banco, a Vamos continua a atrair mais interesse, dado que o impacto das concessionárias no resultado final parece limitado e a demanda de aluguel permanece resiliente.
Ainda assim, o Itaú BBA tem a Embraer, a Santos Brasil e a WEG como as empresas preferidas em sua cobertura.
“A avaliação da Embraer e da Santos Brasil pode não ser tão atraente, mas notícias positivas e ganhos recentes estão sustentando as posições fortes das ações. Já a WEG tem prosperado no atual ambiente macro desafiador”, escrevem os analistas liderados por Daniel Gasparete.
- Sobre a Rumo, o banco comenta que os investidores estão acompanhando de perto a dinâmica tarifária, embora a visibilidade possa levar alguns meses para melhorar.
- No setor de autopeças, a cautela em relação à Marcopolo está aumentando devido aos volumes mais fracos do que o esperado dentro do programa ‘Caminho da Escola’, enquanto a avaliação atrativa da Randon está atraindo investidores.
- Já na indústria aérea, a depreciação do real levou as companhias a aumentar os preços das passagens para compensar o impacto negativo nos custos e despesas.
- O consenso da Bloomberg para os ganhos em 2024 teve uma leve deterioração para Localiza, Movida e Vamos. Segundo o Itaú BBA, isso provavelmente se deve a estimativas mais altas de depreciação e a uma projeção de deterioração nas taxas de juros nos próximos meses. Por outro lado, houve uma revisão positiva no consenso para a WEG, atribuída principalmente a visões mais otimistas sobre a lucratividade da empresa.
- Com informações do Valor PRO, serviço de tempo real do Valor Econômico.