A participação do Brasil no PIB global é similar àquela no início do Plano Real e mesmo na América Latina a fatia atual não é tão diferente da de 1994.
Em 1994, o PIB brasileiro representava 2% da economia mundial, ante 2,1% no ano passado, segundo dados do FMI. No mesmo período, a China saiu de uma parcela igual à brasileira e que no ano passado estava em 16,9% — a segunda maior do mundo, só atrás da americana.
A história do PIB brasileiro nesses 30 anos não é linear, até porque a comparação internacional exige dois fatores: o crescimento/retração econômico, e a variação do dólar em relação à moeda local.
Nos primeiros anos da moeda, o Brasil avançou sua fatia na economia mundial, que chegou a 2,8% em 1997, época da crise asiática. Dois anos depois, porém, houve a desvalorização do real e a participação brasileira caiu para 1,8%. O país só voltaria ao patamar de 1997 em 2010, quando a parcela foi para 3,3%, com uma retomada forte depois do baque da crise global de 2008.
Em 2011, o Brasil bateu o recorde de participação na economia global nos anos do real: 3,5% do PIB mundial. Essa fatia foi caindo quase que constantemente nos anos seguintes (a exceção foi 2017) até alcançar 1,7% em 2020, o menor patamar em 16 anos.
A projeção do FMI de abril é que o Brasil termine este ano como a oitava maior economia, superando a Itália, mas o cenário de disparada do dólar em real tem tornado essa tarefa mais difícil.
O Brasil do início do real era o terceiro maior emergente em termos de PIB, com nível similar ao de China e México, com 2% da economia mundial. Hoje segue em terceiro lugar, mas, além de muito atrás dos chineses, foi superado pelos indianos, com 3,6%. Os mexicanos, por sua vez, caíram para o quinto lugar, ultrapassados pela Rússia.
Na América Latina, o Brasil iniciou a era do real com 30,6% do PIB da região, ante 31% do México. No seu melhor momento, em 2011, a fatia brasileira subiu para 43,9% e no ano passado estava em 33,1%, à frente do México (27,2%).
Nesse período, houve o declínio de Argentina e Venezuela. Os primeiros viram sua fatia cair de 16,1% em 1994 para 10% em 2023 – e o FMI projeta que ela vai recuar para 8,9% neste ano. Já os venezuelanos, no mesmo período, tiveram queda de 3,3% para 1,5%.
O Chile teve aumento de 3,2% em 1994 para 5,1% em 2023, enquanto os peruanos terminaram o ano passado com participação de 4,1% do PIB latino-americano, ante 2,4% há 30 anos. A Colômbia está no mesmo patamar nessa comparação: 5,5%.