A Americanas, em recuperação judicial há um ano e meio, conseguiu estender o prazo de pagamento a fornecedores para o maior intervalo desde o início da crise na companhia. Esse período é fundamental para uma empresa de consumo, porque afeta diretamente o ciclo financeiro. As informações constam em relatório mensal das atividades, divulgado nessa quarta-feira (19), e que a rede tem que publicar ao mercado depois que entrou em recuperação.
Quanto maior o período negociado para pagar a indústria e menor o prazo de receber dos clientes, mais dinheiro disponível terá uma companhia no caixa. E menor será a dependência da varejista a financiamentos no mercado.
Os dados publicados mostram que a empresa pagou fornecedores em 27 dias em maio, versus 17 dias em abril — há cerca de um ano, na metade de 2023, o pagamento era praticamente à vista, em seis dias. Em outubro, caiu para dois dias, ou seja, praticamente sem fôlego, e elevando a necessidade de se financiar no mercado.
O prazo, no entanto, ainda está abaixo daquilo considerado normal numa empresa em boas condições financeiras. Normalmente, varejistas de lojas físicas tradicionais tem entre 60 e 90 dias para pagar a indústria.
Antes da recuperação judicial, na antiga diretoria, a Americanas operava um modelo incomum, com prazos de pagamento que superavam os 100 dias, 120 dias, por conta de uma negociação que envolvia fabricantes e bancos, e que ajudava a sustentar um esquema de fraude envolvendo transações financeiras e bonificações.
Além do prazo de pagamento a fornecedores, a empresa publicou o prazo de recebimento do dinheiro da venda, em 33 dias, dentro da média dos últimos meses.
Outro indicador, que trata do tempo de estoque das mercadorias — que indica o quanto um estoque gira na empresa — foi a 108 dias em maio, abaixo dos 121 em abril.
Esses prazos de pagamento e recebimento, além do período de estoques, constituem o ciclo de caixa ou financeiro de uma varejista.
O plano de recuperação judicial, que determina regras de fornecimento de produtos para os credores colaboradores da empresa, tende a trazer alívio de caixa para a empresa, e foi homologado em fevereiro.
A Americanas ainda informou no material o número de lojas em operação no grupo em maio, num total de 1.703 pontos, sendo que um ano atrás, em maio de 2023, eram 1.842. Ou seja, em 12 meses, o total foi reduzido em 139 unidades. Isso equivale a menos de 8% do total de lojas que a rede tinha antes da crise.