Veículo: Valor Econômico - Online
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Data: 29/05/2024

Editoria: Sem categoria
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Expectativa de vida e renda recuam na pandemia

A expectativa de vida, a frequência escolar e a renda per capita da população brasileira recuaram no segundo ano da pandemia da covid-19, em relação ao período anterior à emergência sanitária. É o que mostra o mais recente Relatório de Desenvolvimento Humano no Brasil, com números referentes a 2021 e divulgado ontem pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

Na comparação com 2019, a expectativa de vida no Brasil ao nascer passou de 76,47 anos para 74,16 anos, segundo o Pnud. Já a frequência escolar, que mede a porcentagem de pessoas que têm entre 6 e 14 anos e que frequentam a escola, recuou de 99,27% para 98,84%. Por fim, a renda per capita mensal média recuou de R$ 814,30 para R$ 723,84.

A queda da renda é o fator, segundo o braço da ONU, “que suscita maior atenção, uma vez que seus valores refletem, de forma preocupante, os resultados macroeconômicos da crise econômica iniciada em 2015 e agravada pela covid-19”.

Mas o Pnud destaca positivamente “o impacto dos programas Auxílio Emergencial e Auxílio Brasil” nos dois primeiros anos da pandemia. Para ele, sem esses programas, as repercussões sobre a renda per capita “teriam sido mais acentuadas”.

Além disso, ambos os programas tiveram atuação “decisiva para a recomposição de renda das famílias mais pobres” nos Estados com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) menores.

As perspectivas para a renda contrastam com o cenário, mais positivo, projetado para a expectativa de vida. “O impacto da pandemia sobre a longevidade é pontual e será revertido a partir de 2022 – considerando o mapa de vacinação nacional e a ação assertiva do Sistema Único de Saúde” nos Estados, diz.

Mas o Pnud também sugere “reforçar medidas emergenciais e promover a avaliação dos protocolos de segurança, bem como das decisões de políticas públicas tomadas” na pandemia. De acordo com o órgão, esses fatores “possibilitarão aos entes federativos uma curva de aprendizagem sem igual” na área de saúde pública.

No caso da frequência escolar, o cenário é mais incerto, já que “os efeitos negativos de médio prazo” causados pela pandemia “ainda não foram devidamente avaliados – tanto sob o enfoque quantitativo quanto qualitativo”.

A pandemia também fez com que o IDH de diversos Estados recuasse para o patamar de quase uma década antes. O IDH é um indicador que tem o objetivo de medir a qualidade de vida de um país, Estado ou cidade, com base em fatores como expectativa de vida, anos de escolaridade e renda per capita. A escala vai de 0 a 1, sendo que, quanto mais próximo o índice estiver de 1, melhor é a qualidade de vida daquela população.

De acordo com o Pnud, “o retrocesso” dos IDH estaduais “pode ser visualizado, de forma mais significativa, em um conjunto de Estados das regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Sul”.

Ao todo, entre 2019 e 2021, o indicador de seis Estados recuou do nível alto para o nível médio: Pará, Bahia, Paraíba, Piauí, Roraima e Amapá. Para outros quatro, o recuo foi do nível muito alto para o nível alto. São eles: Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Segundo o Pnud, “esses movimentos reaproximaram o mapa” dos IDH estaduais daquele que era visto em 2012.

Em entrevista coletiva, o representante residente do Pnud no Brasil, Claudio Providas, afirmou que o país tem “recursos, população e mercado interno” suficientes para acelerar o seu desenvolvimento humano.

“O Brasil está avançando”, disse, afirmando ainda que ferramentas digitais, como o Pix, “podem promover uma aceleração no desenvolvimento”.

Mas ele defendeu que também é preciso diversificar, por exemplo, a pauta exportadora, muito concentrada em commodities. Além disso, defendeu “uma mudança de mentalidade” em relação à transição ecológica. Ainda elegeu como “preocupação” os riscos de o país envelhecer “antes de ficar desenvolvido”, de maneira igual à Índia e oposta à Coreia do Sul.