O dia até teve fatores dovish, mas com impacto moderado sobre os ativos. A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, sinalizou que a instituição não vai esperar o Fed para iniciar seu ciclo de relaxamento. E o índice de preços ao produtor (PPI, em inglês) de março (+0,2%) praticamente em linha com o consenso (+0,3%) resgatou um pouco das apostas de queda do juro na reunião do Fed em julho. Porém, o presidente da distrital de Richmond, Thomas Barkin, disse que os dados recentes não aumentaram a confiança na desinflação.
O yield da T-Note de dez anos estava em 4,57% no fim da tarde, deixando para trás a marca de 4,50% e agora mais perto dos 4,60% – em janeiro chegou a rodar em 3,80%. Em meio à robustez da atividade e do mercado de trabalho norte-americanos, a inflação resiste em convergir para a meta de 2%. “Os mais pessimistas já dizem que para uma convergência efetiva não basta só deixar o juro onde está. Nesse cenário, o próximo passo do Fed seria uma alta em vez de um corte”, diz Daniel Leal, lembrando que o viés fiscal nos Estados Unidos é expansionista e deve piorar com a eleição presidencial, sendo mais uma preocupação para o Fed.
O estresse com o juro nos EUA penaliza a curva local pelo temor de que os fluxos para emergentes sequem e afetem o câmbio e, por consequência, a inflação. A curva a termo segue projetando Selic terminal a 10%, justificada hoje ainda pelas vendas no varejo acima do esperado em fevereiro. O varejo restrito teve alta de 1%, ante previsão de retração de 1,3%, e o varejo ampliado cresceu 1,2%, ante consenso de queda de 0,9%.
Os dados reforçaram o viés de alta das projeções do mercado para o PIB do primeiro trimestre, o que, juntamente com o cenário externo conturbado, sugere que o Copom teria espaço para desacelerar o ritmo de queda da Selic para 25 pontos-base na reunião de junho sem impacto à atividade. Amanhã, sai a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) e a mediana das estimativas é de crescimento de 0,2%, com desaceleração ante o 0,7% em janeiro.