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Data: 15/03/2024

Editoria: Sem categoria
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Por que o investimento privado caiu mesmo com o PIB em alta

Em 2023, o PIB brasileiro cresceu 2,9%, acima da expectativa do próprio governo. Embora agronegócio e serviços tenham se destacado positivamente, a queda de 3% na taxa de investimento, que calcula a capacidade produtiva do setor privado, impediu que a atividade econômica avançasse 0,5 ponto percentual no acumulado do ano.

No início deste mês, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), comemorou o crescimento do PIB, mas alertou que investimentos precisam ser feitos para dar mais produtividade à economia. Este ano deve ser mais positivo em relação a 2023, já que o trimestre encerrado em dezembro trouxe crescimento de 0,9%.

Afinal, o que é taxa de investimentos?
O investimento privado é um termômetro da confiança de empresas privadas. O indicador FBCB (Formação Bruta de Capital Fixo) mede o aumento da capacidade produtiva por meio de compras em máquinas e equipamentos e construção civil e por outros ativos como propriedade intelectual, lavouras permanentes e gado de reprodução.

Já investimento público envolve tudo o que está nas mãos do governo. Ou seja, inclui ações nas esferas federal, municipal e estadual voltadas para a criação de estradas, hospitais e moradias populares, por exemplo, e pode fazer parte de um pacote de ações para solucionar gargalos estruturais e gerar desenvolvimento econômico.

Existe uma diferença entre ambos que precisa ser ressaltada. O investimento privado visa o lucro, enquanto o público não olha apenas para isso. Por isso, o empresariado avalia bem a situação política e econômica do país antes de pôr dinheiro em uma iniciativa, já que espera retorno por aquele investimento.

A taxa de investimentos em 2023 foi de 16,5% do PIB. Esse percentual equivale a R$ 1,8 trilhão da produção nacional, número considerado baixo por especialistas ouvidos pelo UOL. O Brasil está atrás de países latinos como México, Equador e Paraguai, todos com a economia menor que a nossa (veja o segundo gráfico ao longo a matéria).

O investimento por si só é uma atividade de longo prazo. Por exemplo, um dono de uma fábrica têxtil que decide comprar um lote para expandir sua capacidade produtiva só vai ter a concretização disso em dois, três, quatro anos. E os retornos só serão vistos no longo prazo.
Clara Brenck, pesquisadora do Made-USP (Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da USP)

Como o governo pode melhorar esse ambiente
O governo tem pouco espaço para expandir os investimentos. A pesquisadora do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), Silvia Mattos, afirma que a União sofre de um problema fiscal que impede que gastos sejam feitos em determinadas áreas.