As despesas financeiras com juros voltaram a impactar o lucro líquido do Assaí no quarto trimestre de 2023 — a soma alcançou R$ 297 milhões, recuo de quase 27% sobre o ano anterior. Mas o peso do endividamento caiu no balanço, indicador que o mercado vem acompanhando de perto na companhia.
A XP Investimentos avaliou o quarto trimestre do Assaí como positivo, com resultados sólidos, bons resultados de vendas de mesma loja e melhora nos níveis de rentabilidade.
A receita líquida cresceu 16% em comparação ao ano anterior, impulsionada pelo plano de expansão, com 27 novas lojas em 2023.
As vendas na mesma loja têm “dinâmica positiva”, e cresceram 2,9% em comparação a 2022, apesar da tendência de deflação alimentar, o que possivelmente refletiu positivamente nas 14 conversões já contabilizadas, analisa a XP. As vendas do concorrente Atacadão, por outro lado, recuaram 1,8%.
A margem Ebitda ajustada subiu 0,5 ponto percentual, em razão de uma alavancagem operacional proveniente da maturação das lojas e do controle das despesas. A margem bruta de rentabilidade caiu 0,5 ponto percentual em comparação ao ano anterior, devido a “uma base comparativa difícil e menos expansões”, dizem os analistas.
O lucro líquido teve uma queda de 27% em comparação a 2022, com R$ 297 milhões, devido a despesas financeiras mais pesadas. A geração de caixa, por sua vez, foi positiva em R$ 1,9 bilhão, com melhores dinâmicas na linha de fornecedores e níveis de estoques mais baixos.
A XP ainda destacou aspectos como o aumento das vendas nas lojas convertidas, que subiu 0,3 ponto percentual em comparação ao terceiro trimestre, com vendas mensais em R$ 28 milhões e uma margem Ebitda de 5,6%. O Assaí tem caixa de R$ 5,5 bilhões, com dívida líquida de R$ 9,4 bilhões e bruta de R$ 14,9 bilhões.
Citi
O Assaí apresentou resultados em linha com as expectativas para o quarto trimestre, avaliou o Citi. “Nossa principal preocupação é a alavancagem. Com um índice de 3,8 vezes a dívida líquida sobre o Ebitda, a alavancagem da companhia é de longe a mais alta do setor”, escrevem os analistas João Pedro Soares e Felipe Reboredo.
O banco ainda projeta um potencial de risco de queda nos lucros da atacadista em caso de um cenário de um ritmo mais gradual de queda nas taxas de juros.
Durante a teleconferência de amanhã, os analistas esperam obter mais detalhes sobre a dinâmica da margem bruta e a continuidade na pressão na abertura de lojas. “Também esperamos esclarecer se há espaço adicional para redução nas despesas recorrentes de vendas, administrativos e gerais (SG&A)”, acrescentam.