Veículo: Valor Econômico - Online
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Data: 01/02/2024

Editoria: Sem categoria
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Haddad, Shein e Josué Gomes discutem Remessa Conforme em SP

O governo tenta destravar as conversas envolvendo a definição de uma alíquota sobre produtos importados, especialmente da China, e contatos têm sido feitos para um avanço nas negociações. Mas o caminho não é simples.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, esteve em reunião na sexta-feira (26), na sede do Banco do Brasil, em São Paulo, com o principal executivo da Shein no país, Marcelo Claure, e com Josué Gomes, presidente da Fiesp, a federação das indústrias de São Paulo.

O tema discutido oficialmente, segundo a agenda pública do dia do ministério, foram os resultados da Shein no Brasil em 2023, mas as conversas passaram pela evolução do Remessa Conforme, o programa de conformidade das remessas internacionais de até US$ 50, válido após agosto.

Ao aderir, as plataformas — e a Shein está entre elas — se comprometem a seguir uma série de regras de importação em troca da isenção do imposto de importação (em 60%). O pagamento de ICMS de 17% é obrigatório.

Na sexta-feira (26), a Shein buscou mostrar avanços na nacionalização de produtos no Brasil no ano passado, e o tema de uma alíquota de importação no lugar da isenção foi citado também.

Segundo interlocutores, a Shein entende que uma alíquota superior a 20% torna a importação pouco competitiva num momento em que a nacionalização de peças no país ainda está em implementação.

Empresas locais entendem que é preciso uma alíquota que traga maior isonomia tributária entre as partes — chegou-se a debater, entre setembro e outubro, um percentual de 28%, mas a discussão não avançou.

Após esse encontro na sexta-feira, há expectativa entre varejistas e fabricantes nacionais de uma reunião desses representantes com a Fazenda também — há um pedido das empresas desde dezembro.

Na semana passada, Haddad disse, durante o programa “Roda Viva”, da TV Cultura, que o Remessa Conforme resolveu o problema dos governadores que não estavam conseguindo cobrar o ICMS que era devido. E afirmou que a Fazenda continuava “conversando com os interlocutores para chegar a um denominador comum.”

“Está difícil a discussão, tanto no âmbito do Congresso quanto com as partes interessadas”, disse ele.

Fiesp

 

A princípio, chamou a atenção da indústria têxtil e do comércio, envolvidos nessa discussão desde o ano passado, o fato de Josué Gomes estar representando a Fiesp, já que a federação não tem relação com os resultados da Shein, plataforma chinesa de comércio eletrônico, e não representa a companhia no país.

Gomes é presidente da Coteminas, têxtil que recebeu um financiamento de R$ 100 milhões da Shein no ano passado, dentro de um acordo de produção que envolve cerca de duas mil confecções que operam para a Coteminas. A fabricante de têxteis enfrenta uma crise financeira, com venda de ativos, renegociação de dívidas e de salários atrasados.

A Fiesp vinha sendo convidada, no segundo semestre, para participar de algumas das reuniões ao lado das varejistas brasileiras, junto à Fazenda, para debater o interesse das companhias nacionais no debate da alíquota de importação, apurou o Valor. Num desses contatos, em outubro, o presidente da entidade informou oficialmente que não poderia comparecer como representante da Fiesp por questões de agenda.

Ainda estavam na agenda para participar da reunião na sexta-feira (26) Richard Attias, representando o FII Institute, e Anna Beatriz, diretora de “assuntos externos” da Shein.

Attias (ex-Publicis Group) lidera a Future Investment Initiative (FII), uma organização sem fins lucrativos.

Procurados, FII e Fiesp ainda não se manifestaram.

A Shein disse que não iria comentar o tema, assim como a Fazenda.